"Foram adiadas as eleições para o cargo de reitor da Universidade de Évora, disse à DianaFm fonte da academia. Com a presença de 24 dos 25 membros do conselho geral, foram registados sucessivos empates, contou a fonte. De acordo com a mesma fonte, na terceira volta das eleições, o candidato mais votado não conseguiu a maioria absoluta. Um novo ato eleirotal tem de ser marcado para dentro de 30 dias úteis.", noticia a Rádio Diana.
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UE: eleições para reitor foram adiadas
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Balanço de 100 dias da nova CME: pouco mais do que a dívida
As preocupações com a "grave" situação financeira da Câmara de Évora dominaram os primeiros 100 dias de mandato do autarca comunista Carlos Pinto de Sá, mas a oposição socialista não encontra diferenças em relação à sua anterior gestão.
O autarca de Évora, Carlos Pinto de Sá (CDU), disse hoje à agência Lusa que foi feito um "levantamento da situação do município" e que, após os primeiros meses de trabalho, encontrou "uma situação ainda um pouco mais grave do que aquela que esperava".
"No final de junho de 2013, existiam compromissos assumidos pela anterior gestão [PS] no valor de quase 64 milhões de euros para os próximos anos", afirmou, referindo que "a dívida global do município é de 83 milhões de euros".
Carlos Pinto de Sá adiantou que se ficou também a saber que "o prazo médio de pagamento a fornecedores cresceu 50 por cento nos primeiros seis meses do ano passado", subindo de "590 para 867 dias".
"No final do anterior mandato, terá ultrapassado certamente os 1000 dias", acrescentou.
O presidente do município realçou que o "mais preocupante"é a situação de desequilíbrio económico da câmara, em que "os custos são superiores aos proveitos em mais de nove milhões de euros".
"Este é o grande problema da câmara, que se reflete em toda a atividade do município e, enquanto este não for resolvido, continuaremos a ter uma situação [financeira] gravíssima", afirmou.
O autarca comunista destacou, por outro lado, que foram criados mecanismos de participação interna, iniciados os trabalhos de preparação para uma reorganização dos serviços e melhorada a higiene e limpeza pública.
"Queremos que, já em 2014, o centro histórico passe a ter um plano de animação regular", continuar a "estabelecer contactos para atrair mais investimento para o concelho" e a "renegociar contratos absolutamente terríveis que estão a depauperar o município", acrescentou.
Do lado da oposição, o vereador socialista Silvino Costa disse à Lusa que, para já, "não se nota qualquer diferença em relação ao mandato anterior [PS]" e que, ao fim de 100 dias de governação, esperava "uma maior dinâmica e mais iniciativa".
"Não é uma atitude de quem ganha uma câmara, após 12 anos de interregno", afirmou, considerando que "não se veem ideias novas" e que "alguns dos novos projetos mudaram o nome, mas continuam dentro do mesmo género", como é o caso da iniciativa "Doze Meses de Boa Mesa".
Silvino Costa acusou a gestão comunista de "apresentar sistematicamente" as dificuldades financeiras e o Programa de Apoio à Economia Local (PAEL) como "desculpas para que não haja ideias", dizendo que os problemas "já eram conhecidos".
Também em declarações à Lusa, o vereador da coligação PSD/CDS-PP Paulo Jaleco defendeu que "é muito cedo para se conseguirem notar grandes mudanças".
Contudo, assinalou que existe da parte do presidente do município "abertura para tentar solucionar algumas questões que são colocadas, mesmo a nível político", o que "é um bom indício".
O comunista Carlos Pinto de Sá conquistou a Câmara de Évora aos socialistas nas eleições autárquicas de 2013, governando com maioria absoluta. (LUSA)
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Empates na UE: uma oportunidade?
Ao que noticia a Diana-FM, as eleições para reitor da UE terão sido adiadas (para daqui a 30 dias?) por nenhum dos candidatos ter conseguido obter a maioria absoluta, nas três voltas sucessivas. A UE não comunicou oficialmente sobre o assunto. Os docentes e investigadores da casa vão ter notícias pelos media, com a habitual desconfiança quanto ao bom fundamento da mesma. Ninguém descreveu a situação, nem explicou o que está a acontecer, etc. Nem eles saberão, provavelmente. Mas visto de fora do Conselho Geral da universidade, a situação até pode ser interessante para a instituição: os acordos de bastidores não funcionaram. E está bem assim. Que eles falem programas, estratégias e que (se possível) o melhor ganhe. Pela minha parte, o Professor Collares Pereira foi o único que apresentou uma ideia compreensível, ligada ao contexto mundial, nacional, regional: a do desenvolvimento sustentável como horizonte para o qual todos os esforços devem convergir: engenharias tecnológicas, agronomias, economias, ciências sociais e humanidades. A Transição ecológica INEVITÁVEL será também (talvez sobretudo) uma transformação social e cultural. Esperemos.
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Comunicado do Conselho Geral da Universidade de Évora a propósito do processo eleitoral
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Évora: hoje na "é neste país"
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Évora: marionetas na "Casa dos Bonecos"
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Hoje em Évora
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Hoje concerto comemorativo dos 35 anos do Coral Évora
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Dois cartazes para a manifestação da CGTP hoje em Évora
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Eleições para reitor da UE: sorria, ainda a procissão vai no adro
Uma eleição que não consegue produzir uma maioria absoluta para um candidato entre quatro não tem em si nada de escandaloso. O significado deste resultado é difícil de interpretar. Uma interpretação pessimista, diria que a universidade está muito dividida, que os grandes eleitores (eleitos eles próprios por sufrágio directo pela academia) estão agrupados em grupos de interesses parciais ou particulares (ideológicos? partidários? económicos?) que se disputam o poder. Esses grupos são suficientemente coesos e até fechados para excluírem qualquer compromisso (alianças, partilhas de poder, etc.). Essa "divisão" enfraquece, nesta interpretação, a instituição.
Mas também podemos ter uma interpretação optimista. As instituições e nomeadamente as universidades têm tendência, na vigência duma certa cultura unanimista, a encarar a discussão, as propostas alternativas, os pontos de vista opostos, como "divisionistas" (!) e não como sinal de vigor democrático e cívico. Aqui temos quatro candidatos que apresentam propostas sérias, no sentido de que são viáveis e têm apoio de equipas experientes para governar a UE. Alguns candidatos são apoiados por (ou são emanações de) partidos políticos. Desde logo, na votação o que menos conta é a excelência da proposta, e conta sim a filiação política, ou outra (lobby). Mas estas propostas estão muito longe de serem equivalentes do ponto de vista que deveria ser o único a contar, que é o de arrancar a universidade aos lugares dos rankings nacionais (entre 10ª e 13ª das 14 univ. , nos principais indicadores, citando a apresentação do Prof. Carlos Marques na audição pública), que são os lugares de "descida de divisão" ou eliminação. O que seria interessante, dado que o acto eleitoral será recomeçado do início, seria que a sociedade civil nomeadamente eborense, estudasse essas propostas e se pronunciasse.
Para terminar por ora, uma observação algo maliciosa (confesso). O texto cuidadosamente calculado do comunicado do Conselho Geral afirma: "Apesar da excelência das quatro candidaturas apresentadas, nenhuma delas obteve a maioria absoluta dos votos...". Este "apesar de" revela sem querer que se diz o contrário do que se pensa. Com efeito, seria coerente afirmar "POR CAUSA da excelência... nenhuma delas, etc.". Com efeito, sendo todas excelentes, tornar-se-ia naturalmente difícil escolher. Mas não: é "APESAR de serem excelentes", ou seja, nenhuma delas ERA suficientemente excelente para convencer e arrebatar uma maioria absoluta. Ou, super-excelente, se a havia (?) não pôde vencer as resistências conservadoras. E aqui estamos perante uma realidade escondida que deixa o rabo de fora. Sorria, ainda a procissão vai no adro.
1 Fevereiro, 2014 12:33
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Despedimento colectivo de 130 trabalhadores anunciado na Kemet
"colegas, já sabemos que os delegados sindicais do SIESI entregaram hoje a informação de plenários, a realizar terça e quarta feira, dias 4 e 5. TODOS AOS PLENÁRIOS
TODOS MAS TODOS MESMO, MNO2 E ELETROLITICOS, COLEGAS.
TEMOS DE SER MAIS SOLIDÁRIOS, ESTE DESPEDIMENTO ESTÁ ASSENTE NUMA MENTIRA DE INDICADORES MANIPULADOS PELA DESLOCALIZAÇÃO DE PRODUTOS E EQUIPAMENTOS PARA O MÉXICO, E QUEREM ENGANAR-NOS COM QUESTÕES DE MERCADO. FOI MERA OPÇÃO ESTRATÉGICA DE GESTÃO.
TODOS SABEMOS ESTA VERDADE, É DESONESTO FICAR DE BRAÇOS CRUZADOS A ASSISTIR AO DESPEDIMENTO DE 130 COLEGAS E NÃO PARTICIPAR NA DENUNCIA DESTA SITUAÇÃO.
O CRIME AQUI NÃO É ESTAR SOLIDÁRIO AO LADO DOS COLEGAS E AMIGOS ENVOLVIDOS NO DESPEDIMENTO, O CRIME É QUEREREM USAR A FIGURA DE DESPEDIMENTO COLETIVO PARA ENCOBRIR UMA DESLOCALIZAÇÃO.
TODOS AOS PLENÁRIOS, TODOS NA DEFESA DOS COLEGAS, PARA DENUNCIAR ESTE CASO E OUTROS QUE POSSAM APARECER.
PARTICIPEM, DENUNCIEM E PARTILHEM"
31/1/2014
Anónimo
29/1/2014
29/1/2014
Já está confirmado.. 130 pessoas para a rua.. Sem dó nem piedade, vão para a rua e pronto... A culpa é da conjuntura e do estado da economia diz o sr Paulo Pedra.. Então o último dia que a kemet vai laborar vai ser 30 de junho de 2014.. Pois vocês vão ficar sem emprego porque deslocalizamos toda a produção para o México.. E vamos vazer um despedimento colectivo por isso.. E 130 pessoas vão para a rua. (...)
Anónimo
28/1/2014
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Évora: esta manhã no Armazém 8
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Kemet: consumar em 2014 o que não conseguiram em 2013
Há um ano a Kemet de Évora anunciava a anulação do despedimento colectivo de 154 trabalhadores (metade do efectivo) e a deslocalização de uma parte da produção para o México . Já na altura o delegado sindical Hugo Fernandes alertava para a possibilidade da empresa reatar o processo de despedimentos noutra altura (aqui). Fê-lo agora. 127 trabalhadores já receberam carta de despedimento com efeitos a partir de 1 de Julho de 2014 . Mas há um silêncio grande em torno de tudo isto (no acincotons desde odia 18 de Janeiroque dezenas de comentários referem este facto). Só nos últimos dias se tem assistido a alguma mobilização sindical. (CJ)
Provavelmente já é tarde. Tal como informei anteriormente, já há longo tempo se desenhava este despedimento colectivo. Ninguém denunciava a manobra. Tal como disse na altura, por onde andaram sindicatos, partidos e CME?
Será ainda possivel "remediar" esta situação tão trágica para muitas famílias e para a cidade?
Mexam-se!!!
Anónimo
02 Fevereiro, 2014 00:30
Mais um esclarecimento, são 127 trabalhadores a despedir, mas além destes, todos os contratos a termo não serão renovados...
Anónimo
02 Fevereiro, 2014 00:34
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Convergências
Muito se tem falado sobre a necessidade de existir uma grande convergência à esquerda e das grandes dificuldades para o entendimento entre os diferentes movimentos partidários e de cidadãos deste quadrante político e ideológico.
Essa convergência é a única forma de haver uma solução política forte e viável para Portugal, que tenha como orientação a defesa do interesse das pessoas e não da grande finança. De facto, a defesa do valor do trabalho, dos serviços públicos, e da justiça social e económica apenas é possível com um governo de esquerda.
A criação de um governo de esquerda tem sido um desafio e uma proposta do Bloco de Esquerda de há vários anos a esta parte. O entendimento não tem sido possível. Não pretendo, sinceramente, discutir de que lado está a culpa desta impossibilidade de acordo entre as forças de esquerda, pois provavelmente a explicação não é simples. Tratar-se-ão de erros na estratégia seguida pelo Bloco de Esquerda? A culpa será do autismo do PCP? Serão as diferenças estratégicas com o MAS? Ou a culpa é da total ausência de socialismo na direção política do PS? Provavelmente, todas estas e muitas mais explicações são possíveis e verdadeiras.
Dito isto, e tendo em conta a actualidade, gostaria de falar de uma forma muito sucinta, sobre a saída da Ana Drago da Comissão Política do Bloco de Esquerda, sobre o movimento 3D e sobre o novo partido Livre.
Ana Drago saiu e explicou as suas razões. Admiro-a tanto agora, como dantes. Não me revejo nas razões que invoca para a sua saída, mas não fico admirado. No Bloco de Esquerda os momentos em que discordamos são tão naturais como os momentos em que concordamos. É assim, num movimento plural, democrático e transparente. Nunca o Bloco de Esquerda pretendeu que no seu seio existisse um pensamento único, mas como em qualquer movimento a discussão leva a tomadas de decisão que emergem da maioria. A Ana não concorda com a actual linha estratégica do Bloco e decidiu abandonar a Comissão Política. Não se trata de qualquer ruptura ideológica, pelo continuará o Bloco a contar com a sua força, garra e inteligência.
Classifico, também, a emergência do Partido Livre como normal. Convém não esquecer que Rui Tavares saiu em desacordo ideológico com a linha política europeia do grupo da Esquerda Unitária Europeia/Esquerda Nórdica Verde, no qual o Bloco de Esquerda se insere. Com esta ruptura, mais do que desrespeitar o Bloco, Rui desrespeitou o seu eleitorado. Naturalmente, e porque quer continuar a ser deputado europeu teve de procurar lançar um partido a tempo de concorrer às eleições europeias.
Sobre o Movimento 3D muito mais haveria a dizer. Embora conheça muitos dos seus subscritores, e tenha a certeza absoluta da sua real vontade de participar voluntariamente numa verdadeira alternativa política de esquerda para o nosso país, devo dizer que todo o processo em volta da criação deste movimento tem sido muito pouco claro. Depois de ser lançada uma carta de intenções completamente vazia de conteúdo, o movimento (ou parte dele, pois não acredito que uma grande parte dos seus subscritores concordem) decidiu propor uma grande convergência de esquerda para as eleições europeias que apenas conteria, espantem-se, o Bloco de Esquerda, o Livre e a Renovação Comunista. Obviamente que este desafio não podia ser levado a sério. As mentes brilhantes do 3D ignoraram todas as restantes forças de esquerda, incluindo o partido de esquerda com maior intenção de voto nas sondagens: o PCP. Queriam, portanto, que o Bloco de Esquerda incluísse nas suas listas Rui Tavares, que no último mandato desrespeitou os seus eleitores e que tem demonstrado ter ideias diferentes para a política europeia. Bem sabiam, que esta proposta, completamente descabida não seria aceite. Assim como sabiam que ao afirmar, indirectamente, que estão dispostos a ser, a nível nacional, uma espécie de CDS para o PS, procurando a todo o custo integrar um governo deste partido, que sabemos será tudo menos um governo socialista, iria obviamente bloquear a possibilidade de entendimento.
Talvez o movimento 3D esteja a conseguir a sua verdadeira intenção, talvez o futuro nos esclareça acerca do seu verdadeiro propósito.
Quanto a mim, continuarei a ser socialista e anticapitalista, pelo que sei bem onde me sinto bem e o que realmente penso ser melhor para o meu país e para os meus concidadãos e concidadãs.
Até para a semana!
Bruno Martins (crónica na rádio Diana)
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UE: Jorge Sampaio nas Jornadas FCCN 2014 - "Antigamente o largo era o centro do mundo. E hoje?”
A Universidade de Évora é a anfitriã das Jornadas da Fundação para a Computação Científica Nacional (FCCN) 2014, que têm lugar no Colégio do Espírito Santo entre os próximos dias 5 e 7 de fevereiro.
Com o objetivo de promover a colaboração entre instituições de investigação e Ensino Superior nacional, nomeadamente entre os responsáveis por serviços de informática, arquivistas e bibliotecários, o programa desta edição das Jornadas FCCN conta com 57 intervenções de 46 oradores de 19 instituições distintas, distribuídas por duas sessões plenárias, 11 reuniões de trabalho e 6 workshops.
Destaque para a participação do ex-Presidente da República, Dr. Jorge Sampaio, que apresenta "Antigamente o largo era o centro do mundo. E hoje?”, na sessão plenária de dia 6 de fevereiro, pelas 11.15 horas.
A FCCN é a unidade da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) responsável pela gestão e operação da Rede Ciência, Tecnologia e Sociedade (RCTS), uma rede de alto desempenho para instituições com maiores requisitos de comunicações, constituindo-se assim uma plataforma de experimentação para aplicações e serviços avançados de comunicações.
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Inauguração é amanhã
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Frustrações: o fel nas caixas de comentários dos blogues é como o fora o árbitro nos campos de futebol
Por dever de ofício, como compreendem, quase todo os dias sou obrigado a ler as caixas de comentários aqui no acincotons. E diariamente sou surpreendido com o que leio. O nível de escrita, o teor dos comentários, a violência do que se diz, a crítica constante a tudo e todos deixa-me, quase sempre, boquiaberto. Nada tem o minímo consenso, não há ninguém isento de culpa, seja ela qual for, - a não ser os próprios - e nunca (melhor: quase nunca) se lê um elogio ou um contributo sério para um qualquer debate.
Pelos números que temos, as visitas ao blogue, por dia, são na ordem das 1.200/1.500. Também, diariamente, embora aqui seja mais variável, há largas dezenas de comentários. Embora haja acessos de muitas parte do mundo, a maioria dos acessos são feitos a partir de Évora.
Daí que, estes comentários, representem, de alguma forma, aquilo que é, em termos gerais, o ambiente que se vive em Évora: um ambiente crispado, de grupos que se odeiam e ofendem, de grupos que, dentro deles própios se detestam, compostos por indíviduos sem frontalidade, que apenas a coberto do anonimato são capazes de expressar o que sentem ou o que os motiva. A agressividade, o bota-abaixo, a falta de respeito pelo semelhante são uma constante - não apenas no acincotons, como noutros blogues da cidade como o maisévora.
Há uns meses era o "Zé do Cano", a "loura que ia ao cabeleireiro", os secretários que só estavam nos blogues "a defenderem o dinheiro que recebiam". Hoje é o ataque desenfreado aos "porcos dos comunistas", reponsáveis por tudo o que "aconteceu de mal e de mal há-de acontecer" a esta cidade e a este país.
Não sendo profissional da área é-me dificil pronunciar, mas parece-me que está aqui, nestas caixas de comentários, um retrato psicológico aproximado daquilo que são alguns sectores da população eborense. Habituados a gritar as suas frustrações, os seus medos, as suas angústias, os seus desasjustamentos no futebol domingueiro, tendo quase sempre o árbitro, o treinador ou a equipa adversária como alvos semanais da sua bílis, encontraram agora nas caixas de comentários dos blogues - ainda por cima garantindo um anonimato total - o espaço imediato e diário para as suas incontinências verbais.
Este é também um dos retratos de Évora, a juntar ao templo romano, ao aqueduto ou à Praça do Giraldo. É também destas pessoas e destes comentários - muitos deles a mostrarem apenas a frustração e a falta de dimensão quer humana quer política (relacional) de quem os escreve - que se faz a cidade.
O lamaçal em que estes "comentadores" transformam os blogues locais é também, ele próprio, uma fotografia a corpo inteiro de Évora e de quem a habita. É isto que urge transformar. Conquistar a Câmara, ganhar o poder, ser eleito para a confraria do bairro são pequenos epifenómenos importantes para os poucos que participam nesses acontecimentos. Mas a transformação da cidade não passa apenas por aí. O que a cidade é, de facto, está nestes gestos semi-ocultos, nestes medos e frustrações, nesta incapacidade de "dar-a-cara", na opacidade dos poderes e dos seus protagonistas. Modificar este estado de coisas passa por outra forma de agir, outra forma de transparência, de capacidade de debate e de frontalidade de opiniões e também de criação de espaços que permitam uma maior partilha e aproximação de experiências. Uma mudança radical na forma como os seus habitantes se relacionam com a cidade e entre si, esse é que deve ser um dos grandes objectivos de quem se acha politicamente interveniente. E aqui não há "santos nem pecadores". Todos temos uma parte de responsabilidade em cada comentário (mesmo que não o tenhamos escrito) que não respeita o outro e que "achincalha" em vez de debater.
Todos nós somos um pouco destes comentaristas anónimos. E em cada comentário deste género é Évora e nós próprios, enquanto indíviduos e sociedade, que perdemos. E nos perdemos.
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IMI do Centro Histórico de Évora na RTP
Finanças continuam a cobrar IMI no centro histórico de Évora (clique aqui para ver a reportagem)
Paulo Nobre / Paulo Alves Pereira31 Jan, 2014, 14:14 / atualizado em 31 Jan, 2014, 14:14
Há uma polémica que se arrasta há vários anos sobre o pagamento de Imposto Municipal sobre Imóveis nos edifícios localizados em zonas com a classificação de património Mundial. A lei diz que esses imovéis estão isentos, mas apesar das recomendações da Assembleia da República ao Governo para fazer cumprir a lei, no centro histórico de Évora as Finanças continuam a cobrar IMI.
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Évora: CDU acusa governo de querer privatizar o sector da água
A CDU/Évora acusou hoje o Governo de estar a preparar a privatização do setor da água, ao propor aos municípios que entreguem as competências da distribuição em baixa à empresa Águas de Portugal.
O dirigente comunista Carlos Pinto de Sá, também presidente da Câmara de Évora, referiu que o Governo “tem em curso um processo de concentração de sistemas” em quatro grandes áreas (Norte, Centro, Lisboa e Alentejo e Algarve) para tentar “resolver o problema dos sistemas que estão falidos”.
O Governo argumenta que os municípios que aderiram aos sistemas multimunicipais “têm dívidas significativas e que devem entregar todo o sistema de água, agora também em baixa, à Águas de Portugal ou a outras empresas para avançar depois para a sua privatização”, afirmou.
O dirigente e autarca comunista falava numa conferência de imprensa, na sede do PCP de Évora, que serviu para assinalar o lançamento de uma campanha regional em defesa da água pública e de esclarecimento das consequências da sua privatização.
Carlos Pinto de Sá salientou que o processo em curso “começou exatamente por uma outra área que era mais fácil privatizar, que era a Empresa Geral do Fomento (EGF)”, o que demonstra que “a intenção [do Governo] é que, assim que seja possível, se possa passar para as águas”.
“O Governo quer encontrar uma solução que permita garantir a continuidade do processo de privatização da água”, assinalou o dirigente comunista, contrapondo que “as soluções devem ser ao contrário, ou seja, devem garantir a propriedade e a gestão pública da água”.
Para o também autarca de Évora, “é uma questão assente” que os municípios que entraram nos sistemas multimunicipais recuperem “todas as competências que têm na área da captação, tratamento e distribuição da água”.
Nesse sentido, realçou que esta é “uma questão de ordem política que só pode ser tratada com o Governo”. (LUSA)
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O Papa é Pop
"O papa é um ídolo a quem se atam as mãos e se beijam os pés", e dou de novo a voz a Voltaire, ateu e anticlerical reconhecido, para falar do sucesso desta figura máxima da igreja católica que agora lhe veste a pele, o Papa Francisco.
Um verdadeiro fenómeno de popularidade, se não em todo o mundo pelo menos no ocidental e mais ainda nas comunidades de crentes, cristãos e não só católicos. Se Voltaire ressuscitasse hoje arranjaria de certezinha uma outra imagem igualmente mordaz para se referir a este novo ídolo em que o papa, este papa, se tornou, agora até capa e tema principal da última edição da revista americana Rolling Stone, por onde passam os ídolos da cultura, sobretudo musical, pop.
A impressão que nos causa a figura de um papa ainda hoje vem cheia de anacronismos, na aparência das vestes por exemplo, que o remetem para o ambiente de corte de séculos há muito passados. Já a forma como se dirige do alto de uma varanda especial à multidão, tanto evoca esses hábitos monárquicos de tempos longínquos, como os de grandes figuras de Estado, sobretudo ditadores, e muitos ateus, anticlericais e antipapa, que do alto dos palanques veem desfilar os seus súbditos, ainda hoje, em regimes comunistas. Modelos e poses que marcam claramente diferenças hierárquicas e sugerem, ou sugestionam, uma atitude de idolatria. Resquícios mantêm-se no dia-a-dia mais plebeu a que vulgarmente chamamos protocolo, mas adiante.
Consequência de hábitos e rituais tradicionais que por serem isso mesmo, da tradição, se mantêm e servem para relembrar àqueles que gravitam, no raio de influência, uma distância relativamente ao homem comum. O que é certo é que numa época como a nossa em que toda a gente anda, diz e faz o que e como quer, dentro do limite da legalidade que não é limite para tudo, a importância das figuras impressionantes mudou de sinais exteriores. É que para além da imagem, o discurso tem atualmente um valor altíssimo na bolsa da popularidade e da influência de uns, normalmente poucos, sobre outros, os muitos que formam as massas.
Não que os papas não tenham tido sempre, porque tiveram, muita influência nos destinos e governos ao longo dos séculos, e muitos deles com atitudes tão revolucionárias como as que se anunciam neste papado, apesar de até agora nada ter sido revogado ou renegado por este papa. O que me parece é que Francisco aplica métodos, muito dessacralizados em tempos mais distantes e bem longe do que se diz ter sido a prática daquele Jesus que representa na Terra, e que se tornaram quase sacralizados na sociedade da comunicação em que vivemos. Assim, ele dará mais do que a imagem do ídolo à espera de ser idolatrado pela pose, de quem desconfiamos que muitos interesses, a que agora se chamam lobbies, influenciam e manipulam, para ser o ídolo da proximidade daqueles que são uma amálgama de interesses a que costumamos chamar de todos. E assim Francisco aproxima-se também de outros idolatrados que mudaram o rumo da história universal. E quando ídolos destes o fazem mais do que gente a lavar-lhes os pés deverá haver “limpeza” nas mentalidades dos homens e das mulheres. Aguardemos.
Até para a semana.
Cláudia Sousa Pereira (crónica na Rádio Diana)
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