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Évora: amanhã na SOIR
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Esta noite e amanhã em Évora
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Évora surrealista (1945), por Nadir Afonso (4/12/1920-11/12/2013)
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(ex) Postos à Prova
A próxima semana marca o início da pausa lectiva para milhares de jovens alunos portugueses.
Nas escolas, a azáfama dos professores prossegue com as reuniões de avaliação, sempre plenas de uma carga burocrática, crescente, onde pontuam relatórios, planos, análises de documentos especializados, tratamento e encaminhamento de casos prioritários, etc, etc.
Para a semana, não são apenas os alunos que vão ser avaliados, no dia 18, próxima quarta-feira, milhares de professores, contratados, realizam uma chamada prova de avaliação de conhecimentos e capacidades para que possam exercer a sua função, agora repescada às tristes memórias dos tempos da ministra Maria de Lurdes Rodrigues.
Mais uma vez não se resiste à tentação de retirar o centro da educação do seu objecto prioritário, os alunos, e sem aparente e lógica explicação abre-se mais uma frente de batalha social e profissional.
Confesso que não entendo a deriva da agenda do MEC que depois de tudo o que têm sido as dificuldades inerentes à implementação do ano lectivo, surge agora com esta ideia que parte a meu entender de um conjunto de premissas falsas e com as quais não concordo.
Sejamos claros:
1- Esta prova visa avaliar a competência de professores que não se limitaram a fazer uma licenciatura e agora querem continuar a dar aulas. Destina-se a quem, para além de anos de exercício da profissão, obteve uma profissionalização específica, aprovada e certificada pelo Ministério da Educação, para a docência ao nível da pós-graduação ou mestrado.
2- Esta prova não permite o acesso à carreira de professor, mas apenas determinar se professores já profissionalizados podem exercer a respectiva profissão e isto não tem paralelo noutras profissões
3- Não há estudos de nenhum cariz que validem técnica e cientificamente esta prova.
4- O critério que impera desde a passada semana, abrangendo apenas professores com menos de 5 anos de tempo de serviço, é totalmente desprovido de rigor e qualquer sentido ético e de respeito por quem apostou na sua formação e profissão.
5- Pedir a jovens profissionais, alguns deles desempregados e que têm de suportar custos de deslocação para os locais de realização da prova, 20 euros para a realização da prova, tipo “joia de entrada no clube”, é tão só e apenas ridículo e imoral.
Tanto quanto se sabe, Passos Coelho foi obrigado a intervir, em menos de duas semanas em matérias deste ministério, por via da prova dos professores e dos cortes nos orçamentos das universidades.
A bem da serenidade, que deve reinar neste e em outros sectores espero que impere o bom senso e sejam afastados os ventos do provérbio de que… não há duas sem três, porque.. …já cansa de experimentalismos.
Continuação de Boa Semana
Silvino Barata Alhinho (crónica narádio diana)
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Esta tarde e noite: cinema em Évora
Sessões ás 18h e 21h30
LIKE SOMEONE IN LOVE
Abbas Kiarostami
Com: Denden, Rin Takanashi, Ryo Kase
Drama Classificação: M12
País: Irão Ano: 2012
Duração: 1h 49m
Sinopse
Japão, 2011. Uma jovem mulher e um velho encontram-se em Tóquio. Ela não sabe nada sobre ele, ele pensa que a conhece. Ele recebe-a em sua casa e ela oferece-lhe o seu corpo. Mas a teia que se tece nas vinte e quatro horas seguintes supera as circunstâncias do seu encontro. (aqui)
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Economia: dois artigos de professores da UE hoje na imprensa
Dois professores do Departamento de Economia da Universidade de Évora assinam hoje artigos na imprensa. Manuel Branco publica a primeira parte de um artigo na Revista Rubra sobre "Direito ao Trabalho" (ler), enquanto que Paulo Neto escreve no"Público"sobre"A economia, as políticas e a construção do futuro"(ler).
Dois olhares diferentes, sustentados em perspectivas ideológicas também diversas, mostrando que a economia é um mundo vasto em termos de opinião. Seja ela académica ou não.
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Hoje, no Café Arcada (Évora), às 21H: Professores preparam Boicote&Cerco à prova de avaliação de conhecimentos e competências
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Resultados da Reunião Nacional de professores independentes em Coimbra (7dezembro) que contou com a presença de pessoas de Braga, Guimarães, Porto, Viseu, Aveiro, Figueira da Foz, Coimbra, Leiria, Santarém e Lisboa:
1) Realizar todos os esforços para potenciar o Boicote&Cerco à prova por todo o país. Nesse sentido irá realizar-se reuniões locais para preparar o Boicote&Cerco à prova em pelo menos 9 cidades do país na próxima quinta, dia 12 dezembro, às 21h: BRAGA no Braga Shooping na área da restauração (A.D.R.), GUIMARÃES no Guimarães Shooping (A.D.R.), PORTO no café Ceuta, VISEU no Forum Viseu (A.D.R.), AVEIRO no Forum Aveiro (A.D.R.), FIGUEIRA DA FOZ no Foz Plaza (A.D.R.), COIMBRA no café do T.A.Gil Vicente, LISBOA no centro comercial do Campo Pequeno (A.D.R.), ALMADA (local a confirmar),ÉVORA (café Arcada, Praça Giraldo) e FARO no Forum Algarve (A.D.R.). Nessas reuniões locais irá discutir-se e coordenar-se como e quais as escolas a que faremos o Boicote&Cerco à prova, todos juntos, unidos, cá fora na entrada das mesmas. Nessas reuniões (bem como nos cercos de dia 18 dezembro, TODOS os sectores solidários com a nossa luta serão muito bem-vindos (pais, estudantes, psicólogos, etc);
2) Apelar publicamente para que os colegas (pelo menos dos agrupamentos onde se planeia que se realize a prova) se organizem (como no passado verão) e que criem fundos de greve para potenciar a adesão à greve dos colegas chamados para vigilar a prova. Esperamos que os sindicatos, com toda a sua logística, também divulguem rápida e publicamente, esta forma de potenciar a adesão da greve (nesta fase de grandes dificuldades financeiras, tudo o que potencie a adesão a esta greve deve ser amplamente usado);
3) Apelar veementemente a que os sindicatos convoquem a greve para dia 18 de dezembro para todo o serviço nas escolas e não apenas para a vigilância à prova. Isto iria permitir um aumento do número de colegas presentes nos cordões humanos à volta das escolas (já que muitos colegas já foram chamados para reuniões e outros serviços nas escolas para dia 18 dezembro, que só poderão faltar ao abrigo da greve);
4) Iremos desde já, pelo menos em algumas escolas onde se planeia realizar a prova, colocar cartazes, balões pretos e/ou faixas com algumas mensagens (ex: Corrigir e vigiar também é humilhar ou Dizer não à humilhação é um opção e Não é um exame, é um vexame;
5) Iremos dinamizar uma campanha de sensibilização sobre esta temática e pela defesa da Escola Pública para vários sectores (professores, pais, estudantes, etc). Convidaremos a todas as pessoas/sectores solidários com a nossa luta a juntarem-se a nós, nas nossas reuniões e nas nossas futuras iniciativas de luta contra a prova e em defesa da Escola Pública.
Mais informações: VIANA DO CASTELO (Nela Rolo): 961573795/ BRAGA (Francisco Rodrigues): 910559484 / GUIMARÃES (Manuela Almeida): 939504385/ PORTO (Daniel Pereira): 918579137 / VISEU (Delmira Figueiredo): 965419786/ AVEIRO (Sara Matos): 965413946/ FIGUEIRA DA FOZ (Eunice Pimentel):967436998/ COIMBRA (André Pestana): 961675308 / LISBOA (Aurora Lima): 919030901 / ALMADA (Eduardo Henriques): 965031079/ ÉVORA (Luísa Cabaço): 917944546/ FARO (Raquel Reis): 915814162.
aqui. https://www.facebook.com/events/183018931901485/
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A morte que não mata a esperança
Morreu um homem. Um homem que lutou a vida toda por um ideal maior, pagando um elevado preço por essa atitude, nunca apresentando a conta aos seus verdugos.
Na morte, surgem sempre moralistas, carpideiras, gente que ensaia proximidades que nunca teve e intimidades ideológicas que nem nos sonhos mais imaginativos aconteceram.
É como se a morte tivesse efeito purificador nos vivos, que herdariam todas as virtudes dos acabados de partir e que por um passe de mágica os aliviassem da toda a má consciência que possam transportar.
Acontece com mais frequência quando os que acabam de falecer deixam uma marca indelével na história da humanidade, pelo seu comportamento, pela sua força, pela sua capacidade de liderar no caminho da superação das fronteiras que nos tornam humanos.
Nesse momento, os que lhes foram indiferentes em vida vêm citar as suas palavras, quantas vezes descontextualizadas, tentando que a grandeza do falecido dê brilho à mesquinhez dos seus interesses, à menoridade do seu carácter rancoroso ou à sua incapacidade de gerir outra coisa que não a projecção da sua imagem num qualquer espelho que apenas devolve uma irrealidade do seu agrado.
A morte de Mandela é um desses momentos, que transforma hienas em gatinhos, senhores da guerra em amantes da paz, múmias que medem as palavras silaba a silaba em emocionados e respeitosos admiradores.
O povo sul-africano deve a Mandela, e ao movimento que liderou, o fim de um regime desumano e opressivo que segregava seres humanos em função da cor da sua pele e todas as homenagens serão poucas para lembrar o sofrimento infligido por uma minoria sobre a maioria do povo daquele país.
O que custa a engolir é a hipocrisia dos que lhe prestam homenagem, em contradição com a sua prática diária em que prosseguem políticas de verdadeiro apartheid social condenando à miséria milhões de seres humanos em nome da sua supremacia de classe.
Por vergonha ou decoro deveriam abster-se de invocar o nome de Mandela ou de o citar, como se fosse também património seu.
Mandela deixa-nos um legado exemplar, de luta contra tudo o que representam de desigualdades, de ausência de liberdade, de injustiça, de segregação.
São as vítimas do sistema que têm legitimidade para celebrar o exemplo do lutador que nunca se rendeu às inevitabilidades e que entendia que a palavra impossível era apenas uma opinião.
Os outros deveriam respeitosamente remeter-se ao silêncio e, quem sabe, aprender alguma coisa sobre esperança. A esperança que não morre com a morte de um homem maior.
Até para a semana
Eduardo Luciano (crónica na rádio diana)
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Este sábado em Évora: formação sobre "Arquivos de Associações"
Vai realizar-se, em Évora, no próximo dia 14 de Dezembro, sábado, uma formação/seminário intitulada “Os Arquivos de Associações”.
Esta ação resulta de uma parceria entre o Arquivo Distrital de Évora e o INATEL (mais concretamente a Agência de Évora) e é dirigida especialmente às associações culturais filiadas no INATEL no Distrito de Évora, mas pode ser aberta a outras entidades e pessoas individuais.
Procura dar resposta aos objetivos de envolver, sensibilizar e mobilizar todos os elementos pertencentes a ranchos folclóricos, grupos etnográficos, bandas filarmónicas, coros, grupos de teatro amador e outras associações para a importância da preservação e valorização dos seus acervos documentais constituídos por fotografias, mapas e postais antigos, partituras, revistas e jornais de época, para além da respetiva documentação produzida ao nível administrativo.
Terá a duração de um dia, compreende uma parte expositiva e ainda uma visita guiada ao Arquivo da Fundação INATEL e ao Arquivo Distrital de Évora. Implica inscrição prévia.
Para mais informações pode ser consultado o respetivo Programa.
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Museu da Música: moção aprovada por unanimidade na CME lembra que "os compromissos devem ser honrados".
Foi com surpresa e indignação que lemos na comunicação social afirmações do Secretario de Estado da Cultura dizendo que “está a ser estudada a transferência do Museu da Música para o Palácio Nacional de Mafra”.
Em Maio de 2009, o então secretário de estado da Cultura, anunciava a transferência do Museu Nacional da Música, a funcionar na estação do Alto dos Moinhos do Metro de Lisboa, para o Convento de São Bento de Cástris, em Évora. Para a escolha de Évora, dizia a ministra da Cultura no início de 2010, “concorreram vários factores. Desde logo, a vontade política de descentralização, o enquadramento geográfico interessante e a possibilidade de concorrer a fundos comunitários”. Garantia ainda a ministra que as candidaturas estavam a ser preparadas, salientando “o potencial de crescimento que S. Bento de Castris, um antigo convento cisterciense de freiras, para se tornar um ‘cluster’ de desenvolvimento na área da música”. Nessa mesma declaração a governante lembrou a ligação de Évora a “um dos períodos áureos da música portuguesa”, referindo-se à escola polifónica da Sé de Évora (século XVI), e a existência do departamento de música da Universidade de Évora. O novo Museu “terá espaços para residências artísticas de músicos e até para uma orquestra com sede no Alentejo”. Subscrevemos na íntegra a argumentação a favor da transferência para Évora do Museu da Música.
Em 12 de Março de 2012, o então secretário de Estado da Cultura, reiterava a intenção de transferência do Museu para Évora afirmando no entanto que o processo estava bloqueado por falta de recursos financeiros.
Compreendendo os atrasos na transferência do Museu da Música para o Convento de S. Bento de Castris, aguardávamos serenamente que a decisão governamental viesse a concretizar-se em 2014.
Évora e o Alentejo, territórios de um vasto património Cultural, com um particular destaque para o “cante” em processo de classificação pela UNESCO como património imaterial da humanidade, seriam a mais adequada terra de Abrigo para o museu da música e simultaneamente para a sede da futura orquestra regional. A implantação do Museu no convento de S. Bento de Castris constituir-se-ia como um importante elemento âncora do desenvolvimento do Concelho e da Região, contribuindo para subverter os efeitos de interioridade que decorrem de políticas erradas de planeamento territorial que têm como resultado a desertificação de todo o interior do país.
Repudiamos veementemente a possibilidade de incumprimento da instalação do Museu da Música no Convento de S. Bento de Castris, lembramos ao senhor secretário de estado que os compromissos devem ser honrados e esperamos que o alegado “estudo” resulte de um lapso de memória e que seja prontamente corrigido.
Évora, 11 de Dezembro de 2013
*Aprovada por unanimidade na Reunião Pública de Câmara a 11.12.13
ver notícia sobre o Muesu da Musica aqui: http://acincotons.blogspot.pt/2013/12/museu-da-musica-mas-nao-era-para-vir.html
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4ª conferência “UMA VIAGEM NO TEMPO: OS TRÊS REIS MAGOS NA BPE"
Realiza-se hoje, às 18h00, a 4ª conferência “UMA VIAGEM NO TEMPO: OS TRÊS REIS MAGOS NA BPE", sobre representações da Sagrada Família e da Adoração dos Reis Magos nos Códices Iluminados da Biblioteca Pública de Évora, integrada no Ciclo de Conferências, Quatro Viagens no Tempo, As Iluminuras na BPE: Estórias, Enigmas e Revelações.
Participam Ana Claro, Antónia Fialho Conde, Catarina Miguel, Cristina Barrocas Dias e Teresa Ferreira.
Entrada livre.
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Capa do DA de amanhã
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Na "é neste país" inauguração sexta-feira, dia 13
Finalmente Inês & Nic apresentam...
Histórias Encaixadas
Histórias Encaixadas
Gravuras.Caixas de luz.Caixas ilustradas
de 13 de Dezembro a 18 de Janeiro
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Inauguração dia 13 de Dezembro pelas 21:30
de 13 de Dezembro a 18 de Janeiro
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Inauguração dia 13 de Dezembro pelas 21:30
com Tozé Bexiga e Manuel Dias
Bonecos, Campaniça e Outros Brinquedos
Bonecos, Campaniça e Outros Brinquedos
.............................. .............................. .....
Dia 14 de Dezembro . 16:30
Workshop de Caixas ilustradas
com Finalmente Inês & Nic.
Famílias com crianças a partir dos 6 anos| duração: 2h00
Sócios: 10€ . Não sócios: 12€
com Finalmente Inês & Nic.
Famílias com crianças a partir dos 6 anos| duração: 2h00
Sócios: 10€ . Não sócios: 12€
Inscrevam-se já!
A casa Nic & Inês:
http://casaniceines.blogspot. pt/
https://www.facebook.com/ casaniceines/info
http://casaniceines.blogspot.
https://www.facebook.com/
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Évora: amanhã, sexta-feira. Poesia com Margarida Morgado no Armazém 8
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Hoje conferência em Évora sobre Espinosa
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A QUESTÃO DO BUSTO DE FLORBELA ESPANCA (2)
Texto anterior: A ANTIGA ALUNA DO LICEU NACIONAL DE ÉVORA FLORBELA ESPANCA (1)
No dia 14 de Dezembro de 1930, seis dias depois da morte de Florbela Espanca, o Dr. Celestino David, poeta e fundador do Grupo Pró-Évora, do qual era também presidente, defende nas páginas do "Diário de Notícias" , a ideia de se prestar uma homenagem nacional à poetisa alentejana, erguendo-se um monumento em sua memória.
A sugestão encontra eco no grande diário lisboeta que no dia 25 de Janeiro de 1931 abre uma subscrição à escala nacional para a construção de um busto destinado a perpetuar o seu nome e a sua obra. A comissão dinamizadora da iniciativa é constituída pelo seu jornalista principal e repórter internacional, António Ferro - o qual dois anos após, irá dirigir o Secretariado Nacional da Informação (SNI) a convite de Salazar -, Henrique Lopes de Mendonça, Cândida Aires, Falcão Bourbon e Meneses e Fernanda de Castro, também poetisa, e mulher de António Ferro.
Por todo o ano de 1931 o professor italiano Guido Batelli , faz sair finalmente "Charneca em Flor" que conhece duas edições em escasso lapso de tempo, a segunda das quais acrescida de mais 18 sonetos, "Juvenília", "Máscaras do Destino" e "Cartas de Florbela Espanca". A popularidade da escritora aumenta na mesma medida que o salazarismo nascente e a Igreja temem o efeito deste fenómeno, que compromete a imagem e o papel da mulher no futuro do país, modelo que já se encontram formatando.
O sucesso da subscrição, que em espaço de tempo relativamente curto, consegue reunir os fundos necessários para a execução do busto, adensam-lhes as preocupações. Incumbido de esculpir a peça, o artista Diogo de Macedo, termina-a em 1934. O "Diário de Notícias" oferece-a ao Grupo Pró-Évora para que a coloque numa das principais praças da cidade.
A partir deste momento vai iniciar-se a mais infame perseguição de que Évora guarda memória em tempos modernos. O Grupo Pró-Évora vê rejeitados pelas autoridades civis e religiosas todos os lugares propostos para implantação do monumento. A Santa Inquisição estava de regresso. Florbela só não foi condenada a morrer na fogueira porque já tinha sido queimada na pira da vida. Tudo se inventou e argumentou para que o busto não fosse exposto em lugar visível.
Na imprensa conservadora a cruzada contra Florbela e o busto era conduzida pelos diários católicos e nacionais "A Voz" e "Novidades". O primeiro tinha sido fundado e era dirigido por José Fernando de Sousa, na altura já com mais de 75 anos, natural de Viana do Alentejo, que assinava sob o pseudónimo de Nemo e era o Decano dos Alunos do Liceu de Évora. Jornalista profissional e experimentado estivera no Exército até 1898 como engenheiro militar, atingindo a patente de Tenente Coronel mas tivera de se reformar cedo «por cobardia» dado que, segundo o exigiam as praxes castrenses, por duas vezes se recusara a bater em duelo depois, de para tal ter desafiado por ofensas dirigidas a outras tantas pessoas. Tinha sido pluricondecorado pelo regime monárquico e adorava ser tratado como Conselheiro.
Para o jornalismo trouxera as mesmas características que demonstrara como militar. Era hábil e vezeiro no insulto o que valeu ter, por uma vez. recolhido aos calabouços durante alguns meses.
Por ser turno o "Novidades" tinha por director o conhecido Monsenhor José Moreira das Neves. Em Évora o correspondente era um jovem seminarista, José Augusto Alegria, extremamente vaidoso e provocador, que se viria a cotar o arqui-inimigo de Florbela e o polícia dos bons costumes e da intelectualidade eborense. Num momento de rara abertura a Câmara ainda pensou em dar o seu assentimento à instalação do busto num local discreto do Jardim Público onde Florbela gostava de passear, namorar e poetar, mas também fora apedrejada, e ainda se fez erguer um plinto para suporte do mesmo, mas nova ordem municipal , deu o dito por não dito e mandou-o cobrir por ervas trepadeiras. A caricata contra-ordem tivera origem no provimento dado a uma queixa da Igreja, junto do Governo de Salazar que argumentava que aquela era uma obra para estar guardada num museu e não para estar num lugar público.
E assim, lá acabou o busto por ser depositado no Museu como propriedade do Grupo Pró-Évora.A Igreja porém queria a sua demolição. Só a presença de António Ferro no SNI evitou este destino para a estátua. Em 1940 Alegria termina o seu curso de seminarista e refina no vitupério sobre a poetisa. Volta à carga considerando que a vida de Florbela tinha sido um escândalo, «sujando» a sociedade portuguesa.« À excepção de alguns versos aceitáveis, talvez, os outros trespassam-se de um erotismo monocórdico que é contrário às estruturas sociais de qualquer sociedade cristã e é mesmo ofensivo do espírito da Constituição de 1933». Aos que defendem o busto acusa-os de « a querer endeusar só porque conseguiu ser mais imprudente do que nenhuma outra mulher conseguira» e isso, concluía, era agora o que faltava.
No ano seguinte, 1941, o Liceu comemora festivamente o seu centenário e edita um número especial de "O Corvo", a sua revista, que começa a ser preparado com muita antecedência, constando que nele poderão aparecer algumas referências ao nome de Florbela Espanca, quer quanto aluna integrante do primeiro núcleo feminino da Liceu, quer na inclusão de uma nota biográfica entre os mais conhecidos Reitores, Professores e Alunos que pelo brilho da sua carreira profissional mais teriam contribuído para a história e grandeza da instituição.
A pressão da Igreja para que tal não viesse a acontecer, seria tremenda, mas não surtiiria efeito.O Reitor, António Bartolomeu Gromicho, que tinha sido professor de Florbela no Curso Complementar de Letras e sempre a apreciara pelo seu talento e ademais era na altura o presidente do Grupo Pró-Évora, não cedeu, Ele próprio e Celestino David redigiram os textos mais importantes desse número da revista que tanto êxito conheceu.
Enquanto a fome corre à desfilada pelos campos alentejanos, o contista, poeta e romancista Manuel da Fonseca vai, nesse ano, trazê-la de volta à poesia portuguesa dedicando-lhe um poema, em que a "convoca" para olhar também para a desgraça em que está mergulhada a sua querida charneca. E fá-lo assim em "POEMA PARA FLORBELA:«Charneca de toda a vida/ tolhida de solidão/névoa da água dos olhos/triste coração do coro dos ganhões perdidos em sombra que cai do céu.../». Ou o desejo expresso noutro poema que lhe é dedicado em 1943 pelo poeta, professor e pedagogo Sebastião da Gama, o poeta da Serra da Arrábida: « Hás-de voltar Florbela! Em débil haste/ por entre trigos, cresce, purpurina/ a mais fresca papoila da campina/ que só por me veres não cortaste./ Eu tenho mil anos.Sou poeta....».
Por cá, os intelectuais começavam a reagir contra a intolerância, a estupidez e o fanatismo religioso que continuavam ainda a prevalecer, mas no estrangeiro a sua obra ia-se tornando cada vez mais conhecida, mormente no Brasil, onde começa a ser alvo de estudos e trabalhos universitários. A história da proibição do busto é referida com chacota, troça e risada.
José Frota(aqui)
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Contos na "é neste país" este sábado
Este sábado, 14 de Dezembro de 2013, pelas 11.30h
Com quantos pontos se conta um conto?
Margarida Junça & Cristina Rebocho
Cartaz com Participação Especial : Finalmente Inês
http://finalmenteinesportfolio.blogspot.pt/
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"Bubedanas" comemoram hoje 2º aniversário com festa no Parque de Feiras e Exposições de Beja
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BEJA: UMA VIAGEM PELA COZINHA DE ANTÓNIO NOBRE, apresentado por Joaquim Pulga
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Évora: este sábado, no Jardim do Chá (atrás da Sé)
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