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Channel: A Cinco Tons
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Gestos que dão confiança no futuro

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Ontem à tarde tive que ir ao centro histórico. Parei junto à Sé e fui fazer o que tinha que fazer. De regresso ao carro, parei num café para beber uma bebida e tirei o dinheiro da carteira onde tinha todos os documentos.
Voltei para o carro e atravessei a cidade para ir ao Parque Industrial. Lá chegado vi que não tinha a carteira. Pensei que a teria deixado no café, mas não: a proprietária, em quem confio, disse-me que ali não a tinha deixado. Julguei que me a tinham roubado ou, eventualmente, que me tinha caído no breve trajecto até ao carro.
Foram momentos de aflição, porque na carteira tinha todos os documentos de identificação, todos os cartões bancários, a carteira profissional, etc., para além de 40 euros.
Durante duas horas tentei descobrir o rasto da carteira, mas nada. Na Policia disseram-me que o melhor era ir pensado em tirar nova documentação porque era difícil a carteira aparecer.
Por volta das 8 da noite decidi dar baixa dos cartões bancários. Estava a ligar para o serviço de anulação dos cartões quando tocaram à porta. Eram dois indivíduos do sexo masculino, na casa dos 40 anos, que perguntaram pelo meu nome e seu eu morava ali.
Disse que sim e perguntaram-me se não tinha sentido falta de nada. Claro que me apercebi logo de que falavam da carteira. Disseram-me que a tinham encontrado na estrada, junto à curva do NERE, no Parque Industrial. Que tinham parado o carro quando viram a carteira no chão e que, através da minha carta de condução, tinham localizado a minha direcção e através do GPS tinham chegado até mim.
Foi um alívio, como imaginam. A questão que se me colocou é que alguém me poderia ter roubado a carteira e atirado para a estrada. Mas não: todo o dinheiro, os cartões e os documentos estavam ali. Por incrível que pareça, devo ter deixado a carteira no cimo do carro, ao entrar, e ela aguentou ali, desde a Sé, até junto ao NERE, tendo então caído.
Mas este meu testemunho não tem a ver com isto. Tem a ver, sim, com o gesto desinteressado destes dois homens, que não conhecia de parte nenhuma, e que não descansaram enquanto não entregaram a acrteira a quem sabiam pertencer.
São gestos destes, altruístas e desinteressados que, no meio de tanta baixeza e desonestidade, ainda nos dão forças para acreditar no futuro da espécie humana.
Obrigado aos dois, que continuo a desconhecer quem são (no meio da minha atrapalhação só consegui dizer: temos que beber um copo, e eles abalaram, sem deixarem qualquer indicação de que eram).


MJ (recebido por mail)

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