A CDU/Évora acusou hoje o Governo de estar a preparar a privatização do setor da água, ao propor aos municípios que entreguem as competências da distribuição em baixa à empresa Águas de Portugal.
O dirigente comunista Carlos Pinto de Sá, também presidente da Câmara de Évora, referiu que o Governo “tem em curso um processo de concentração de sistemas” em quatro grandes áreas (Norte, Centro, Lisboa e Alentejo e Algarve) para tentar “resolver o problema dos sistemas que estão falidos”.
O Governo argumenta que os municípios que aderiram aos sistemas multimunicipais “têm dívidas significativas e que devem entregar todo o sistema de água, agora também em baixa, à Águas de Portugal ou a outras empresas para avançar depois para a sua privatização”, afirmou.
O dirigente e autarca comunista falava numa conferência de imprensa, na sede do PCP de Évora, que serviu para assinalar o lançamento de uma campanha regional em defesa da água pública e de esclarecimento das consequências da sua privatização.
Carlos Pinto de Sá salientou que o processo em curso “começou exatamente por uma outra área que era mais fácil privatizar, que era a Empresa Geral do Fomento (EGF)”, o que demonstra que “a intenção [do Governo] é que, assim que seja possível, se possa passar para as águas”.
“O Governo quer encontrar uma solução que permita garantir a continuidade do processo de privatização da água”, assinalou o dirigente comunista, contrapondo que “as soluções devem ser ao contrário, ou seja, devem garantir a propriedade e a gestão pública da água”.
Para o também autarca de Évora, “é uma questão assente” que os municípios que entraram nos sistemas multimunicipais recuperem “todas as competências que têm na área da captação, tratamento e distribuição da água”.
Nesse sentido, realçou que esta é “uma questão de ordem política que só pode ser tratada com o Governo”. (LUSA)