“Onde o tempo caminha sem chegar” é um excerto de um poema de Miguel Torga que resume na perfeição a essência do Alentejo. Mas não o define na sua simplicidade complexa. Até porque os tempos são outros e há tempos diferentes dentro do mesmo Alentejo. Por isso, nesta curta metragem, a dança ora se movimenta ao ritmo da lavoura e se faz ceifeira, ora se balança na languidez da planície fustigada de sol e calor.
A Miguel Torga junta-se José Saramago, Vergílio Ferreira e Florbela Espanca, entre outros prosadores e poetas, uns alentejanos, outros de fora mas que não resistiram ao chamamento de escrever o Alentejo.
E este Alentejo escreve-se no gerúndio, olhando o esmagador céu, escutando as gentes e a planície, cheirando as fragrâncias, saboreando os aromas, tateando o património cultural.
De todos estes movimentos sensoriais se faz esta dança.
NARRAÇÃO RAFAEL LEITÃO | BAILARINA NÉLIA PINHEIRO | ARGUMENTO/GUIÃO JOSÉ COIMBRA