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Channel: A Cinco Tons
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E se fossem avaliar…

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Portugal é um país debaixo do jugo de instituições estrangeiras que os nossos governantes tratam como “parceiros” ou mesmo “amigos””.
No âmbito do pacto assinado por PS, PSD e CDS, estas instituições têm um conjunto de poderes que lhes permite fazer avaliações periódicas da aplicação do pacto, deixando sempre sugestões para a avaliação seguinte.
No fundo vêm verificar se o nível de exploração está nos níveis pretendidos, se o processo de empobrecimento está no bom caminho, se os bolsos dos grandes grupos económicos estão a ser devidamente abastecidos e se as funções sociais atribuídas ao Estado estão a ser devidamente destruídas.
Para estes nossos “amigos” ou “parceiros” a austeridade nunca é demais e é sempre necessário ir mais longe e mais depressa.
À pergunta “mas afinal para que servem estes sacrifícios”, respondem qualquer coisa vaga em nome de um futuro risonho para as gerações que ainda não existem.
Após mais de dois anos de actividade criminosa, temos menos direitos sociais, ganhamos menos, temos menos protecção social, pagamos mais pela saúde e pela educação e… devemos mais aos nossos agiotas de estimação e em cada avaliação somos confrontados com a necessidade de ir ainda mais além.
Num primeiro momento centraram-se nos trabalhadores da administração pública e o governo, solícito, traçou um programa de ataque a esses trabalhadores, argumentando que era necessário equiparar as condições de trabalho no sector público e privado.
Todos nos lembramos da estratégia usada, com a comparação de salários e a tentativa de instalar um clima de hostilidade entre trabalhadores dos dois sectores.
Agora, antes de mais uma avaliação, estes nossos “parceiros” vêm dizer que é necessário reduzir os salários aos trabalhadores do sector privado, em particular na energia, banca e telecomunicações.
Quase que apostava que vamos passar a ter notícias com uns quadros que comparam o salário de um caixa de um banco com um caixa de supermercado para mostrar como o primeiro ganha acima das possibilidades do país.
Também nos tentarão demonstrar que se os trabalhadores desses sectores tiverem cortes nos salários, pagaremos menos pelos serviços prestados por essas empresas sem mexer nas suas margens de lucro.
No fundo o mesmo argumento que usaram para liberalização dos preços em vários sectores de actividade com os resultados que se conhecem.
Claro que também querem o aprofundamento das chamadas reformas da legislação laboral, em particular a destruição da contratação colectiva e a aplicação do princípio da negociação empresa a empresa.
E já que cá estão, aproveitam para chantagear um órgão de soberania avisando de que se cumprir a sua função teremos mais aumentos de impostos.
Não param, não conhecem limites e não têm vergonha. Nem eles, nem o Governo que está às suas ordens, nem aqueles que, não estando no governo, lhes escancararam as portas.
Em tempos, Álvaro Cunhal comparou o FMI a um “buldogue” que apanha um pouco de pele e não larga mais. A realidade confirma a análise e o buldogue já há muito que chegou à carne da vítima.
Até para a semana

Eduardo Luciano (crónica na Rádio Diana)

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