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discursos politícos: para ouvir

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Com o início da campanha eleitoral, o discurso político saiu à rua, também em Évora. Os candidatos ao poder local percorrem agora, quer sejam as estreitas ruas do centro histórico da cidade, quer os mais esquecidos recantos das freguesias do concelho.
Todos tentam "contactar" as pessoas que encontram. Convencer, se possível. Sensibilizar, pelo menos. Cumprimentar quando não pode ser mais nada.

Do lado dos políticos, dos candidatos, de quem os acompanha, verificam-se dois posicionamentos,  bem diferentes. Há mesmo duas linguagens que dão forma a duas opções bem distintas entre si. É, aliás entre estes dois discursos que os Eborenses vão escolher. Quer seja pela via do voto ou da abstenção, uma destas lógicas vai sair legitimada para governar o concelho.
Os candidatos do PS quando saem à rua concentram-se na forte distinção entre si e o seu adversário político, a CDU. Quando se dirigem às pessoas  na rua, em mensagens curtas e simples, preparadas para a bipolarização, falam dos comunistas como "os que querem o atraso do país e da cidade, os que desejam afastar o desenvolvimento porque só assim terão hipóteses de ser eleitos, os que só sabem ser contrapoder, os que pensam que quanto pior , melhor".
Em contraponto, os socialistas apresentam-se a si próprios como "os que estão na senda do desenvolvimento e da captação de investimento, os que vão continuar a fazer melhor, agora com um novo estilo (o de Manuel Melgão) mas com a mesma matriz" (lançada há 12 anos por José Ernesto).
 Os candidatos da CDU quando saem à rua focam-se na lógica do seu slogan "juntos conseguimos". O adversário político não é evocado. A não ser implicitamente, quando falam da " necessidade de mudar de rumo". O centro da sua mensagem "são todos. A Câmara será a casa de todos,  decidiremos com todos, moradores, comerciantes, instituições e agentes sociais, culturais e desportivos."

Apresentam-se assim, de forma bem visível e explícita os dois posicionamentos tradicionais em disputas eleitorais:   Por um lado, o  do poder instalado a quem cabe apenas defender postos adquiridos. Por outro o de quem não é  mas quer ser poder. A estes, não lhe basta defender posições, têm que entrar para lá das brechas instaladas, têm de apontar as aberturas para uma construção de poder reconhecido, à priori, como diferente do existente para melhor.  Sabendo que é mais difícil, porque mais arriscado, fazer diferente do que fazer igual, a expectativa só pode ser elevada quanto a resultados.

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