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Apelo de cidadã

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A campanha eleitoral começa oficialmente só a meio de Setembro, com catorze dias de esclarecimento daqueles a quem se pede o voto.
É costume anteceder a este período, um outro mais ou menos alargado, chamado de pré campanha onde candidaturas e candidatos anunciam as suas opções estratégicas para o exercício a que se propõem. Espera-se que  identifiquem aí, os temas que elegem como mais relevantes e as abordagens com que se comprometem.  Que se posicionem face a perspectivas estruturantes para o concelho, a opções apresentados por outros, concordando ou discordando e explicando porquê.

Estranhamente, nesta pré campanha eleitoral, no caso de Évora, nada disso parece acontecer. Mais estranho ainda, os intervenientes nos processos públicos - candidatos a eleitos e eleitores- não dão sinais de considerarem isso verdadeiramente necessário.
Em Évora, em campanhas anteriores, foram apontados como problemas a discutir, gerir e fazer evoluir, por exemplo, a gestão do trânsito e da mobilidade urbana; a reabilitação no Centro Histórico mas também as opções de investimento no centro ou na periferia; os níveis de prioridade a assumir com a cultura e com os seus agentes, ou sejam as politicas culturais; as escolhas defendidas para o caso dos equipamentos estruturantes da cidade; estes entre muitos outros foram pontos equacionados, uns mais outros menos debatidos.
Desta vez, nos espaços de comunicação da cidade a que acedo, há argumentos a favor ou contra a formalização ou impugnação de um ou outro candidato; a disputa da localização de sedes de campanha; a conveniência de fazer debates antes ou depois da apresentação formal das candidaturas; ou mesmo a ordem pela qual vão surgir os partidos no boletim de voto. Parece admitir-se implicitamente que os resultados eleitorais dependem desta vez da sorte e do azar, ou de elementos do foro do imprevisível, do misterioso, do inacessível, dispensando por isso toda a presentação de ideias, de escolhas e de compromissos.

Admito mesmo a possibilidade de estar eu desfasada, desencontrada da cidade que habito. Desejo fortemente que a maioria dos cidadãos a quem se vai pedir o voto no final de Setembro, estejam, nesta altura em que Agosto avança, a conhecer e a debater as principais propostas das candidaturas autárquicas.
Venho aqui solicitar que alguma alma caridosa, me indique onde se passam esses encontros e debates. Como se pode entrar ? como se pode tomar parte ? 
É que eu, cidadã eleitora, declaro-me interessada em formar  e informar a minha opinião. Quero suportar a minha decisão de voto em compromissos assumidos pelos candidatos e candidaturas, em projectos e propostas que consiga compreender, defender ou refutar. Não admito arriscar o meu voto - dizem que é o mais forte instrumento de cidadania - numa escolha ditada pela tradição da minha família, pela indicação do meu patrão, pela tendência do meu grupo de amigos, ou por qualquer outro sinal que a meteorologia me dê a 29 de Setembro.Quero sentir-me cidadã de pleno direito porque só assim poderei votar daqui a mês e meio.

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