Os concursos da DGARTES este ano penalizaram enormemente as companhias e associações de Évora, a maior parte ficou mesmo sem subsídios. A Camara Municipal fez um concurso de atribuição de apoios, seguido de uma nota na qual informaram que não havia dinheiro e por tanto ninguém ia receber o que tinha sido atribuído. Estas duas acções concertadas levou imensa gente para o desemprego (para os que tinham direito a ele, a maioria trabalha a recibo verde e nem isso teve) colocando famílias inteiras à beira da miséria.
Apesar disso as companhias e as associações continuam a fazer a programação agendada! Como, perguntam? Sem os artistas receberem! Todos trabalham de borla! Ora vamos lá a ver ... alguém já viu o padeiro a dar o pão se não lho pagarmos? Ou o talhante a carne? Ou a classe de pedreiros a fazer casas de borla? Ou outros profissionais a trabalhar na sua profissão de graça? Eu nunca vi! Então porque cargas de água esta classe a que pertenço trabalha de graça? Porque continuam a alimentar as actividades culturais das cidades e a proporcionar aos cidadãos espectáculos não pagos?
A maior parte dos cidadãos quando se cortam os subsídios aos artistas concordam, afinal andam, segundo eles, a pagar impostos para sustentar uma classe que nada faz! Então porque lhes damos espectáculos de borla? Porque os deixamos viver no melhor dos dois mundos - Em que não pagam subsídios e nem bilhetes?
Podem depois disto bater-me à vontade, mas continuo a defender a mesma ideia: se não há subsídios não há espectáculos de borla! Os artistas e todos os envolvidos nesta área comem, têm filhos, casas para pagar e deveriam ter dignidade! Por fim relembro a todos os artistas que as acções valem mais que mil palavras e talvez se esvaziássemos as cidades de cultura as pessoas dessem pela falta e estivessem ao nosso lado na luta por comparticipações estatais para a cultura!
Lurdes Nobre (Assoc'iarte) - aqui