No passado dia 25 de Novembro comemorou-se o 30.º aniversário desde que o centro histórico teve a mais alta classificação da UNESCO, no que ao património diz respeito. Ficando o nosso centro histórico, por isso, a pertencer à Humanidade.
Na verdade, desde a classificação como património da humanidade que a cidade de Évora tem vindo a ter uma procura turística sem par na nossa história. Para termos uma ordem de grandeza a Capela dos Ossos, no ano passado, teve mais de duzentos mil pagantes. A procura de dormidas em Évora subiu consideravelmente. A restauração também teve um comportamento razoável.
Com efeito, o turismo é um sector proeminente da atividade económica no nosso concelho, sendo esta realidade incontornável. Por isso, deverá ser preservada e acarinhada por todos. Tanto pelas instituições públicas e privadas, quer pelos eborenses e por todos aqueles que aqui residem ou estudam.
A notícia dada lela TVI no início desta semana, que, passo a citar: “Metade da cidade património precisa de obras”, é uma realidade que todos conhecemos, mas que ainda não foi enfrentada por quem tem, na linha da frente, de liderar o processo. Refiro-me, como não podia deixar de ser, ao executivo camarário.
Compete, também, às câmaras municipais zelar pela segurança e pela aparência dos prédios urbanos. Tendo o centro histórico a qualidade de património da humanidade, mais essa obrigação ganha dimensão. E não se trata só de um dever resultante da Lei. Há, também, uma obrigação moral com aqueles que amam esta cidade.
Portanto, o executivo camarário terá de liderar o processo que vise a inversão da degradação do património existente no centro histórico. E, para isso, deverá chamar à solução para este problema, as entidades públicas e privadas, direta ou indiretamente, ligadas à propriedade do mesmo.
Por que se nada for feito, para além dos problemas de segurança que possam estar envolvidos, a classificação de património da humanidade compreende também deveres e obrigações, e, assim, poderá ser retirada com consequências incalculáveis para a cidade e para a nossa economia.
José Policarpo (crónica na rádio diana)