O país futebolístico anda desanimado com o desempenho da seleção Lusa em terras gaulesas. Ronaldo e os seus companheiros de seleção demoram no acerto, mas estou certo, que, o jogo de hoje trará um novo alento à nação Lusa. Logo teremos a melhora seleção do mundo. Logo, afinal, somos os melhores do mundo e mesmo aqueles que até ao momento dizem mal de tudo e de todos, juntar-se-ão à turba orgulhosa.
Acontece que o país será o mesmo independentemente do resultado. Percamos ou ganhemos um lugar na fase seguinte do campeonato europeu, a geringonça será governo, o desemprego continuará a aumentar, as exportações continuarão a diminuir, o investimento estrangeiro não descolará, a caixa precisará de uma capitalização superior a 6 mil milhões de euros. Em suma, continuaremos a ter os índices que avaliam o bem-estar das populações no vermelho.
Isto tudo vem a propósito da polémica que envolve a situação financeira do banco público, caixa geral de depósitos. Segundo os administradores do banco, os que estão de saída, como, sobretudo, os que entretanto chegarão, defendem que o banco necessita, quanto antes, de injeção de capital, sob pena de perder a confiança, tanto dos credores, como dos seus clientes.
Aqui chegados, estou convencido que, pelo menos, as pessoas que estão de boa-fé, querem conhecer e compreender as causas que conduziram a Caixa Geral de Depósitos a precisar deste volume de dinheiro. Estamos a falar de quase 10% da despesa do Estado num ano. Por isso, não vejo outro caminho que não passe pela comissão de inquérito levada a cabo pelos nossos representantes, que são os deputados.
Pelo que, defender e obstaculizar que esse escrutínio e sindicância não passem pela comissão de inquérito parlamentar, não só é permitir que o problema continue dentro do banco público, como, fomentar ainda mais, a suspeição. Eu sei, ou acho que sei, que a indefinição aproveita muito boa gente, mas o caminho da indefinição e/ou da omissão tem-nos conduzido ao país que somos hoje. Impõe-se, no entanto, a seguinte pergunta: queremos continuar a ser um país como somos hoje, com variadíssimos problemas de ordem estrutural? Se não queremos, então, só poderemos trilhar o caminho da verdade e da clarificação.
José Policarpo - crónica na rádio diana