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Das formas de habitar Évora para outras construções sociais

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foto de José Manuel Rodrigues daqui
Se compararmos o livre andar, sem meta (em gregoagorazein) dos moradores das antigas polis do Mediterrâneo, exercício que os levava a conversar deslocando-se pelas ruas em pequenos grupos de três ou quatro, expressão de uma condição habitativa familiar, protegida pelos muros ao seu redor, com as deslocações do flâneur, o morador das metrópoles tardo-industriais europeias discrito por Benjamin, resultantes de formas habitativas mecânicas e elétricas, com as errâncias informativas que desenvolvemos nas redes digitais e nos permitem a realização de um habitar sem territórios, entendemos como as alterações das formas do habitar acarretam um conjunto complexo de transformações.” Escreve o sociólogo Massimo Felice, em Paisagens pós-urbanas, 2012:14.                                         

Pensando no caso de Évora, aceitaremos que nesta segunda década do século XXI, coexistem as três formas de habitar descritas pelo autor.

Pode perguntar-se qual dessas formas descritas pelo autor, será agora predominante?
Será a primeira? “ uma condição habitativa familiar, protegida pelos muros ao seu redor” será ainda a mais sentida em Évora, e no seu Centro Histórico ? 

A segunda forma, a do morador flâneur (*) podendo não ser dominante em número, impõe-se como uma marca associada a esta cidade. 

A terceira forma, a da “errância informativa”, ou seja os que passam a maior parte do seu tempo ligados a um écran, e supostamente através dele a todo o mundo, mas afastando-se da experiência integral da participação em casa, nos grupos,  na cidade, corresponde a um modo de habitar a que cada vez mais pessoas se rendem, e particularmente os mais novos.

Que alterações para a cidade, e que texturas sociais, se estão a tecer neste nosso tempo, em resultado da coexistência e dos diálogos (ou da ausência deles) entre estas três formas bem distintas de habitar Évora ?

Estas são novas abordagens e combinações de uma realidade difícil de captar, de compreender, e de mediar,  mas que devem ser tidas em conta por todos os que se propõem gerir, cuidar e transformar, os nossos patrimónios comuns.

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