A actual governação liderada pelo partido Socialista comprometeu-se em repor as trinta cinco horas semanais na função pública.
Não tenho nada contra os funcionários públicos, até porque há funções nos regimes democráticos que só deverão ser asseguradas pelo Estado. Refiro-me, nomeadamente, às funções de soberania; Justiça, defesa, segurança e representação do Estado.
Porém, determinar a reposição do número de horas semanais significando esta situação a diminuição da carga horária para os funcionários públicos, sem um estudo que indique e sustente o que representa na despesa do orçamento de Estado esta medida. No mínimo, seria negligente. Será que os nossos governantes não veem isso? Ou, será, então, que nos querem tomar por parvos?
Na verdade, em minha opinião, a questão não deverá ser analisada do ponto de vista da justiça. Se é justo ou não a reposição daquilo que foi retirado. Claro que, o justo, é dar aquilo que é devido a cada um, sendo esta a definição de Justiça. O problema, no entanto, não reside no que é devido, mas no que pode ser realizado e executado. O certo é que o país está falido e não pode gastar o que gasta. Por outro lado, as instituições financeiras não emprestam dinheiro a juros comportáveis aos países que não têm as contas equilibradas.
Dito isto, as esquerdas radicais a quem o actual partido socialista se juntou, proclamam e clamam mais direitos e só direitos. Todavia, não conseguem explicar aos portugueses, pelo menos aos conscientes e responsáveis, como e onde, encontrarão o dinheiro para realizarem um aumento significativo da despesa pública. Porque diminuir a carga horária, representa, na generalidade das situações, a contratação de mais pessoal para assegurar as horas dispensadas. E, mais pessoal, significa mais dinheiro. Ou, estarei equivocado?
José Policarpo (crónica na radio diana)