Lurdes Nobre é deputada municipal da CDU em Évora. Independente, na Assembleia Municipal de sexta-feira votou contra a posição da sua bancada opondo-se à venda dos terrenos municipais para construção de um novo Centro Comercial na porta de Avis. Explica agora as razões do seu voto.
Ontem na Assembleia Municipal foram a votação duas propostas que me são muito caras.
A cidade livre do Tratado Transatlântico, TTIP (Transatlantic Trade and Investment Parternship), que foi aprovada o que me trouxe uma enorme felicidade.
E a venda dos terrenos às Portas de Avis para a construção de um grande espaço comercial, que também foi aprovado apesar do meu voto ter sido contra.
A democracia é isso mesmo, a maioria decide e eu aceito a democracia, quer ganhe como no 1º caso quer perca como no 2º.
Quanto a minha posição sobre o Centro Comercial o que tenho a dizer foi aquilo que disse na Assembleia Municipal e que aqui vos deixo!
"Não tenho certezas absolutas sobre nada, por tanto sobre este assunto também não, mas depois de todas as reuniões , especialistas que escutei e artigos que li, em nenhum consegui os argumentos que me fizessem votar favoravelmente esta proposta.
Voto contra a vendas dos terrenos às Portas de Avis por achar que um edifício comercial desta natureza não vai ser benéfico para as cidade pelas seguintes razões:
1- O estudo que serve de apoio a este projecto data de 2007. Dai ate aos dias de hoje o estado económico do mundo, do país e logicamente o nosso alterou-se consideravelmente, não vendo quais os benefícios que pode trazer à cidade este Centro Comercial.
2- Por toda a Europa e América os Centros Comerciais estão a ser deixados ao abandono e está a implementar-se em larga escala o comercio on line com entregas ao domicilio utilizando as novas tecnologias.
3-. Os centros comerciais são espaços de instalação das grandes marcas, por conseguinte corporações que utilizam mão-de-obra barata e precária, o que não vai ajudar em nada as condições de trabalho dignas ou a diminuição do desemprego na cidade e no Concelho.
4 – Por ultimo, mesmo que este espaço traga a Évora muitos visitantes eles deslocar-se-ão ao Centro Comercial, que como sabemos são as cidades perfeitas, ai farão as suas compras, comerão e no fim da tarde voltarão para casa, a visita ao Centro Histórico e a dinamização apontada pelo estudo e defendida por alguns não me convenceram.
Se por ventura eu tiver razão, e mesmo votando contra espero não ter, dentro de meia dúzia de anos teremos às portas da cidade um cemitério de betão, sem serventia manchando a paisagem e sufocando a cidade que a esta altura já só será um museu sem vida, pois durante este período tudo no seu interior se esvaziou inevitavelmente."
Muitos estão contra, outros a favor desta minha posição, é natural que assim seja, eu tomei a decisão em consciência, sem me achar dona da razão ou achando o que quer que seja sobre os outros deputados que votaram contra mim.
Cada um de nós vota e arca com as consequências do seu voto. Pela minha parte, gostaria muito que daqui a 10 ou 20 anos tivesse que dar o braço a torcer e tivesse que admitir que tudo tinha corrido bem que eu me enganei. Que o Centro Comercial é um sucesso sem ter deixado ao abandono a cidade. E claro sem se ter transformado num condomínio às Portas da Cidade que será o seu futuro se não for rentável, ou mesmo um amontado de betão abandonado!
Lurdes Nobre (aqui)