100 milhas = 160 quilómetros
Colorado, Novo México
Fundos estaduais pagam fuga de mina de ouro
Governadores declaram estado de emergência; EPA criticada por acidente que lançou contaminantes na rede fluvial
Dan Frosch dan.frosch@wsj.com
The Wall Street Journal
Atualizado em 10 de agosto de 2015 19:07 ET US
Os governadores do Colorado e do Novo México declararam estado de emergência na segunda-feira [10 de Agosto], disponibilizando fundos estatais para ajudar a limpar uma fuga de lamas tóxicas de uma mina, que lançou cerca de três milhões de galões [quase 11.500 metros cúbicos, ou 11,5 milhões de litros] de efluentes tóxicos cor de mostarda no sistema fluvial regional.
Para acorrer a esta emergência, foi anunciada a canalização de 500.000 dólares do orçamento do Estado do Colorado, a que se juntam 750.000 do Novo México, após os 500.000 dólares atribuídos na sexta-feira [7 de agosto]. [Um total de mais de 1.580.000 euros.]
A fuga ocorreu em 5 de agosto, após uma equipa de limpeza da Agência de Proteção Ambiental [EPA] ter acidentalmente provocado uma brecha numa mina de ouro abandonada, libertando um jorro de água contaminada.
"Tive oportunidade de ver o derramamento com os meus próprios olhos. É absolutamente devastador, e parte-se-me o coração perante esta catástrofe ambiental", disse a governadora do Novo México, Susana Martinez, Republicana, acrescentando estar preocupada com a "falta de comunicação" da EPA.
A EPA pediu desculpas pelo acidente, a que um funcionário chamou uma tragédia. A agência também afirmou que lamenta a lentidão de resposta, que está a levantar fortes críticas de funcionários e residentes no Colorado e Novo México.
A lama, que desceu o rio Animas e foi desaguar no rio San Juan, no Novo México, contém contaminantes como chumbo e arsénico, resultantes da mina de ouro Gold King Mine, a norte de Silverton, no Colorado, uma de milhares de minas abandonadas em todo o ocidente dos Estados Unidos.
"A nossa prioridade continua a ser garantir a segurança pública e minimizar os impactes ambientais", disse o governador do Colorado, John Hickenlooper, Democrata. "Vamos trabalhar em estreita colaboração com a EPA para continuar a monitorizar a qualidade da água, à medida que a situação volta ao normal. Mas vamos também trabalhar em conjunto para avaliar outras minas em todo o Estado, para garantirmos que isto não volta a acontecer."
A EPA está a procurar determinar a extensão da poluição, que afetou vários sistemas públicos de captação de água no Colorado e Novo México, comunicaram as autoridades federais, no dia 10.
Funcionários do município de La Plata, no Colorado, disseram que a fuga não afetou a água potável em Durango, porque a cidade fechou o canal de entrada a partir do rio Animas, antes da chegada da água poluída. Mas mais de 1.000 poços locais foram afectados. Os chefes da Nação Navaja, que depende grandemente da água de poços, também manifestaram a sua preocupação de que a fuga pudesse afetar a água potável, visto a lama ter avançado para jusante, na direcção da sua reserva.
A EPA disse não contar abrir sectores do rio que foram isolados, pelo menos até 17 de agosto. A agência disse que enviou dezenas de funcionários para a área afetada, que inclui o Utah, para colaborar nas operações de limpeza.
As indicações iniciais eram de que a fuga não teria afetado imediatamente a vida aquática, visto que os testes mostravam pequenos insetos vivos no rio, perto de Durango, após a exposição aos contaminantes.
Entretanto, a frustração e a preocupação continuaram a aumentar no sudoeste do Colorado e norte do Novo México, onde as atividades recreativas do final do verão, vitais para as economias locais, foram totalmente encerradas. Os funcionários deixaram claro que os efeitos da fuga ainda permanecem uma incógnita, apesar de a água, tingida de um amarelo assustador, ter começado a correr mais clara.
"Fui inundada por chamadas de cidadãos a perguntar se a água vai voltar a ser segura", conta Gwen Lachelt, comissária do município de La Plata. "Ficamos profundamente preocupados com a qualidade da água sempre que há uma grande chuvada e durante a primavera, devido aos sedimentos depositados durante a lixiviação dos terrenos."
Lachelt diz que as autoridades municipais pediram à EPA para começar a avaliar os perigos colocados pelas minas abandonadas na bacia dos rios Animas e San Juan.
"A verdadeira frustração é não termos dados", diz Peter Butler, um dos coordenadores do Animas River Stakeholders Group [Grupo dos Utentes do Rio Animas, solução mista participativa de monitorização das alterações ambientais, durante e após a extração mineira], composto por organizações ambientais locais, juntamente com as empresas mineiras e organismos federais e estaduais. "O rio é muito importante para Durango. E não temos dados sobre o que compunha o fluxo contaminado, quando atravessou a cidade."
No Novo México, as autoridades estaduais disseram que foram surpreendidas com telefonemas de residentes da zona rural do município de San Juan, preocupados com a possível contaminação dos seus poços.
Allison Scott Majeure, porta-voz do Departamento [Secretaria de Estado] para o Meio Ambiente do Novo México, manifestou haver preocupação em que, mesmo depois da passagem do fluxo tóxico, os sedimentos contaminados possam infiltrar-se nos poços. O Estado está a oferecer testes gratuitos a residentes da planície aluvial do rio Animas, anunciou.
"Estamos um pouco frustrados com a EPA", disse. "A sua equipa vem cá amanhã, para testar os poços domésticos. Queríamos que já cá tivessem vindo hoje."
Dan Frosch