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Pelo Novo Circo

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Na última reunião da Assembleia Municipal debateu-se a Petição “Fim dos Circos com Animais em Évora”, promovida por um conjunto de cidadãos e cidadãs do nosso município. Estes munícipes encontram-se empenhados na causa dos circos sem animais, e que em torno desta, desenvolvem uma série de iniciativas, não só de protesto, mas também de carácter pedagógico.
Não tendo havido consenso sobre se havia lugar ou não à votação do recomendado na petição – a proibição da instalação de circos com animais no Concelho de Évora – ficou decido que a Assembleia organizará, em Junho, uma audição pública sobre a matéria, e que esta irá a deliberação na reunião ordinária de Junho. É de saudar que haja lugar a debate sobre os direitos dos animais no nosso concelho, constituindo este um excelente sinal que existem eleitas e eleitos preocupados com a evolução das políticas relacionadas com os direitos de todos os animais.
Quero, publicamente, felicitar as posições de vários eleitos do PS e de um eleito do PSD que afirmaram estar convictamente ao lado desta causa e que votarão favoravelmente à proibição de circos com animais em Évora. Mas também quero, publicamente, repudiar a posição da CDU, que sobre a matéria instituiu a disciplina de voto para impedir que os seus eleitos votassem de acordo com a sua consciência. Para a CDU o voto seria contra, independentemente do que pensasse cada um e uma. O desconforto foi notório na bancada. Péssima forma de encerrar Abril, o mês em que todos devíamos celebrar a democracia e a liberdade.
Espero que a audição esclareça todos os eleitos e que cada um e uma vote de acordo com as suas convicções.
A verdade é que, nas últimas décadas, em vários países do mundo e em Portugal, tem-se assistido à tendência crescente dos espectáculos de circo abandonarem o uso de animais, apostando-se cada vez mais no que se designa por “novo circo”.
Infelizmente, muitos dos animais que nos habituámos a ver nos circos nunca chegaram a conhecer a liberdade, tendo nascido já em cativeiro. Para conseguirem cumprir as tarefas que os domadores lhes exigem em palco, passam pela técnica de condicionamento - o método de Pavlov - à custa de muita dor e privação de alimentos. No palco, basta ouvirem o som do chicote ou de determinada música para efetuarem a ação pretendida, condicionados pelo terror do castigo em caso de falhanço. A estes métodos de ensaio dos números de circo junta-se o quotidiano vivido em péssimas condições, de uma vida inteira confinada a um pequeno espaço, em transportes frequentes e sem condições, sem acesso a cuidados de saúde decentes nos casos de ferimentos e doenças. Tudo resulta numa esperança de vida muito inferior à dos animais que vivem em liberdade.
O “novo circo” fez a opção artística de valorizar as artes que não utilizam animais e esta tem sido uma fórmula de sucesso na atracção de várias gerações de público, sobretudo das mais novas. A actividade ganhou um novo fôlego e capacidade de permanência num contexto de oferta cultural cada vez mais diversificada e competitiva.
Um município que valoriza a cultura e que subscreve a Declaração Universal dos Direitos dos Animais, só pode apoiar o “novo circo” e impedir a barbárie do circo com animais.
Até para a semana.

Bruno Martins (crónica na rádio diana)

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