Joaquim Palminha Silva |
Não quisemos agredir a gestão política da Câmara Municipal de Évora (CME), dando-lhe a camaradagem das tabernas… Antes pelo contrário. - Na quadra festiva que se avizinha (Santos populares e Feira de S. João), gostaríamos de lhe sugerir a convivência das festividades salutares e do renovado carinho pelo património construído, “coisas” que podem alimentar princípios cívicos no seio da alegria colectiva, deixando espaço para o desfrute de novas e originais ideias… Porém, torna-se-nos inútil insistir…
Publicado na imprensa local, entre outras informações, diz o comunicado da reunião da CME de 15/4/2015, referindo-se às tabernas que chama de “tasquinhas”, talvez para as tornar mais aceitáveis e menos besuntas face ao público: «O Espaço das Tasquinhas funcionará na Horta das Laranjeiras, no Jardim Público e no Espaço Muralhas […]», e adiante informa-nos que a CME criou um «grupo de trabalho que reúne técnicos de vários serviços» … com o objectivo de «aumentar o número de tasquinhas» … Por isso, quem procura a camaradagem das tabernas é a CME, cujo número promete aumentar, não somos nós que empurramos a Autarquia para os braços de Baco… nem promovemos o retorno da anedótica boutade, tão usada pela “direita” nos tempos “gloriosos” do PREC que, gracejando para denegrir, falava da “esquerda” e da sua “via alcoólica para o socialismo”!
A decisão da CME de acamaradar com um “auspicioso” aumento do número de tabernas é de uma desmesurada insignificância… - Podem dizer-me…
Mas eu pergunto: não são desventurosas as provas que o executivo da CME dá da sua ilustração, promovendo a invasão do Jardim Público por hordas de ébrios, proporcionando a rega das plantas com o vomitado dos trogloditas; numa palavra, reduzir o pobre Jardim, já de si tão abandonado e de empedrado destruído aqui e ali, a um vazadouro de lixo e dejectos humanos?
Não pode ser sina desta cidade ver-se publicamente ultrajada por todo o político de profissão, mais ou menos desatinado e sem “maneiras” que, encontrando uma maioria favorável ao desvario, desata a maltratar o património construído, a pretexto de que as “tasquinhas” servem para «apoio do movimento associativo»!
Prodigalizada a venda abundante de álcool, “tasquinha” a “tasquinha”, com maior ou menor petisco, está garantida a “salutar” vida associativa, sem obscenidades e com abundância de civismo por uma pá velha: - E quem disser o contrário é mentiroso!
E entramos nos finalmente, como dizem os nossos irmãos brasileiros… Para rematar o conjunto festivo de S. João, a jovialidade autárquica irá providenciar, de certeza absoluta, à dependura da parede granítica do Jardim Público, a monumental e escusada escadaria… Enfim, se tudo isto não é o retorno da barrasquice, para nos conservarmos no campo das exagerações e dos desarrazoamentos, só falta pedir emprestada a Valverde a estátua terrífica do Giraldo e, numa decisão “histórica”, voltar a coloca-la à entrada da Feira, onde já esteve nos anos 40/50 do séc. XX! Alea jacta est !