(...) Se venho aqui é por outra questão: a entrevista de Maria Helena Figueiredo, do Bloco de Esquerda, à Rádio Diana, de que não ouvi ninguém falar. Uma boa entrevista, tão bem conseguida comi a de Pinto Sá há algumas semanas, apesar da falta de experiência política que (ainda) se lhe nota. Falta-lhe alguma rodagem, respostas demasiado circulares e às vezes não muito objectivas, mas com dois argumentos fortes: a reabilitação e revivificação urbana do centro histórico e o caso da mina de ouro da boa fé. Apesar da falta de tacto jornalístico do entrevistador, que interrompia a torto e a direito, Maria Helena colocou bem o problema da rapina. Não foi tão feliz quando falou da intervenção cultural da Câmara - destacou sobretudo o carácter de programador da autarquia e não o de facilitador das estruturas existentes, numa nova versão centralista.
Mas - e apesar de ter tido um bom desempenho - há uma questão essencial: Maria Helena nunca será (pelo menos nestas eleições) presidente de Câmara e devia-se ter colocado num papel mais sério: que diferença poderia ter na Câmara 1 -um- 1 vereador do Bloco de Esquerda. Se o tivesse dito, se tivesse dito o que é que poderia ser diferente, que compromissos estabeleceria com os eleitores, porque é que ter um vereador do BE seria diferente de não ter, se assumiria compromissos na Câmara e com quem, teria sido muito mais clara e transparente. A Maria Helena, que é uma mulher batalhadora, está a lutar para ser vereadora -e só tem a ganhar se conseguir explicar - na bipolarização eborense - o que é que o eleitorado tem a ganhar com uma voz do BE na Câmara. Só assim é que as pessoas votariam nela. E isso não ficou nada claro nesta entrevista. Porque há uma certeza: presidente de Câmara é que ela não vai ser e não tem que ter respostas para os grandes problemas do concelho, que outros irão governar, mas não ela. Gostaríamos de saber é o que é que ela, vereadora minoritária, poderia acrescentar à governança eborense. O resto é politiquice.
Luís Bernardes20 Junho, 2013 22:26
Entrevista de Maria Helena Figueiredo à Rádio Diana: aqui