A Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS) abriu um processo para apurar eventuais irregularidades nos serviços de urgência dos hospitais de Portalegre e de Elvas, mas a administração das unidades refuta qualquer tipo de erro.
“Confirmamos a existência de um processo sobre o funcionamento do serviço de urgência da Unidade Local de Saúde do Norte Alentejano (ULSNA). O processo está em curso, estando a ser realizadas as diligências pertinentes”, disse hoje à agência Lusa fonte da IGAS.
Segundo a mesma fonte, o processo foi aberto na sequência de uma denúncia, cuja autoria está “identificada”, alertando para casos de médicos internos a prestar serviço nas urgências dos hospitais de Portalegre e de Elvas (ambos tutelados pela ULSNA) sem a supervisão de um especialista.
Contactado pela Lusa, o diretor clínico hospitalar da ULSNA, Jorge Gomes, confirmou a existência de “um pedido de esclarecimento” sobre esta matéria, tendo os responsáveis da unidade local de saúde já respondido à IGAS.
“Não temos problemas, estamos a trabalhar dentro da lei", assegurou Jorge Gomes, afirmando que para a urgência de Portalegre estão preconizados dois internistas e que "nunca fica um interno sozinho”.
“No caso de Elvas, como a urgência é básica com uma componente médico-cirúrgica, está um internista e um cirurgião, mais um de prevenção e um interno da especialidade, pois os internos nunca estão sozinhos”, acrescentou.
Contactado pela Lusa, o representante da Ordem dos Médicos (OM) em Portalegre, Jaime Azedo, disse que o Conselho Regional do Sul da OM tem conhecimento da situação, através de uma “carta anónima” denunciando “várias irregularidades” nos serviços de urgência dos dois hospitais.
Por outro lado, Jaime Azedo alertou que "o pessoal está exausto" e que "o banco de urgência de Portalegre, por variadíssimas razões, não tem condições para os profissionais trabalharem, nem para os doentes serem atendidos”.
De acordo com Jaime Azedo, os serviços “estão mal organizados”, o que provoca a "permanência de doentes em corredores" das urgências.
“Estamos preocupados com a maneira como os serviços estão a funcionar, levam à exaustão os doentes e os profissionais. A qualidade não é a melhor, porque não assenta em bases fidedignas para o funcionamento, sendo um problema que se arrasta há muitos anos, apesar das obras que já foram feitas”, disse.
Jorge Gomes desdramatiza, por sua vez, as críticas lançadas por Jaime Azedo, sustentando que atualmente o banco de urgência de Portalegre está numa terceira fase de obras para “melhorar a situação” existente.
“Por outro lado, temos o terceiro piso completamente desativado, em obras (acolhe doentes de cirurgia e, eventualmente, de medicina), e o terceiro piso tem capacidade para 52 camas”, disse.
No entanto, Jorge Gomes reconhece que as obras que estão a decorrer no terceiro piso do hospital “agravaram um bocadinho” a permanência de doentes no serviço de urgência.
O diretor clínico hospitalar da ULSNA disse ainda que “não corresponde tanto à verdade” que existam profissionais de saúde em situação de “exaustação”, porque os clínicos têm horários para cumprir, ou seja “42 horas semanais ou 40 horas”. (LUSA)