Denúncia refere que há professores sem alunos que recebem ordenado.
O Ministério Público está a investigar a Universidade de Évora (UE). O inquérito foi instaurado pelo Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Évora, depois de uma denúncia de eventuais irregularidades, confirmou ao Correio da Manhã fonte da Procuradoria-Geral da República (PGR).
Ao que o CM apurou, a denúncia refere que departamentos, como os de Química, Geociências, Pedagogia ou História, terão 15 a 17 docentes em excesso, uma vez que não há turmas suficientes. "Passaram a ter aquilo que agora se chama horários zero. Mais grave ainda é que estas pessoas não lecionam, não fazem investigação e passam os dias em casa recebendo o seu vencimento", lê-se na denúncia, em que é descrita também uma alegada falsificação de horários no departamento de Geociências para disfarçar a falta de aulas.
Segundo a denúncia, haverá ainda situações de "docentes que têm turmas muito reduzidas e horários com 5 ou 6 horas semanais". O departamento de Geologia terá cerca de 40 docentes quando no curso terão entrado apenas três alunos.
Além disto, são apontadas eventuais irregularidades nas contratações de professores para a universidade, sublinhando-se o facto de a atual reitora, Ana Costa Freitas, ter alegadamente contratado familiares para várias vagas. A mesma denúncia aponta estas irregularidades ao anterior reitor, Jorge Araújo.
O documento que serve de base ao inquérito do DIAP termina com a descrição de alegados churrascos ao fim de semana numa herdade que fica a oito quilómetros de Évora, onde a universidade tem um polo e onde viverá o administrador Rui Pingo.
O CM solicitou ontem ao final da manhã um esclarecimento à reitoria da Universidade de Évora, que até ao fecho da edição não respondeu.
Mal-estar entre os docentes
A investigação está a causar mal-estar entre o corpo docente e a reitoria. Há suspeitas de que as denúncias tenham partido de dentro da instituição. O CM sabe que os responsáveis da UE alegam que as mesmas não têm fundamento, pois nos últimos dois anos a Inspeção-Geral da Educação fez auditorias à UE que nada revelaram.
Universitários estão atentos
As denúncias estão a ser seguidas com atenção pelos estudantes neste arranque do ano letivo. "O conteúdo das denúncias é comentado. Mas, para já, não passam de especulação. Cabe às autoridades decidir se há matéria para investigação", referiu Luís Pardal, presidente da Associação Académica da Universidade de Évora.