O sr Maurice Lever escreveu: “ O palhaço recusa viver no meio desta realidade presente. Pressente outra. Desafia a lei da gravidade, enche de sarcasmos o polícia e desafia os outros atores. Entrevemos por seu intermédio um mundo outro, que irrompe neste e lhe inverte as regras e os usos”.
É verdade! Eis o palhaço. É ele quem desconstrói, quem denuncia o grotesco do lado “sério” da vida, e fá-lo através da provocação, da rutura que fomenta e leva ao riso.
O palhaço vale ouro! Nele todos nos revemos sem receios pueris de perda de estatuto, ou de dignidade. Quando o Circo desce à cidade é sempre o palhaço que recolhe os primeiros aplausos.
É também um símbolo global, está presente em todas as culturas, para ele não existem fronteiras, barreiras linguísticas, entraves geracionais.
Em Évora, mais uma vez terá lugar a Semana dos Palhaços. Um festival que vai no seu quarto ano e que tem vindo a crescer e a colher o apoio dos Eborenses.
É cultura! Enche as ruas da cidade, alegra as gentes, pinta de luz a cara das crianças. Não é fácil levantar um festival assim, com escassos recursos, apoios limitados. Só mesmo o esforço de muitos voluntários e a solidariedade dos artistas, cujo cachet é o que recolhem na passagem do chapéu, possibilita que a cidade tenha uma manifestação artística desta qualidade.
Têm de ser acarinhados, ajudados a crescer e se isso acontecer, a cidade também crescerá em turismo, em notoriedade, mas sobretudo crescerá por via do que proporciona aos seus habitantes.
Com cultura e alegria se combate a crise. Vamos então suspender o lado cinzento da vida por uns dias e acolher de braços abertos a festa que é a Semana dos Palhaços.