A CDU e o Bloco de Esquerda apresentaram na reunião de ontem à noite da Assembleia Municipal de Évora duas moções, de conteúdo similar, em protesto contra o fecho anunciado da delegação da TSF em Évora e o despedimento colectivo (abrangendo 140 trabalhadores, mais 20 rescisões “amigáveis”) que esta empresa de comunicação social pretende levar a cabo no “Diário de Notícias”, “Jornal de Notícias”, TSF e "Jogo".
A moção da CDU, apresentada por Duarte Nuno Guerreiro e intitulada “Contra o Processo de Reestruturação da Controlinveste”, refere que (este processo de despedimento) “é um processo intencional, revestido de uma fina capa de um argumentário económico-social ao qual já nos habituámos. A realidade é que foram despedidos profissionais altamente qualificados, com provas dadas, exemplos de um jornalismo de qualidade, reprodutor de uma cidadania activa, isento, imparcial e que não treme ao fazer as perguntas mais incómodas. Com este processo de despedimento é a isso que se pretende colocar um ponto final.”.
E logo a seguir escrevem os eleitos da CDU. “Mais, na nossa região a TSF deixa de ter a sua delegação. Extinguindo os postos de trabalho que lhe são adstritos é muito mais que isso que termina. Acaba-se com a ligação informativa que confere coesão territorial ao espaço nacional, que coloca o Alentejo no mapa informativo e que oferece a Évora o espaço noticiário que é seu por direito e mérito próprios”.
Conclui a moção apresentada pela CDU e aprovada por maioria que: “assim, a Assembleia Municipal de Évora, reunida a 27 de Junho de 2014:
- Manifesta-se contra o apelidado processo de reestruturação da Controlinveste que arrasta para o desemprego mais de centena e meia de trabalhadores;
- Opõe-se ao encerramento da delegação de Évora da TSF;
- Solidariza-se com os trabalhadores lesados por um processo de despedimento que pretende formatar e alinhar a comunicação social aos interesses económicos”.
BE contra “dizimação das delegações locais dos órgãos de comunicação social nacionais”
Uma outra moção do BE, também aprovada por maioria, com os votos do BE, CDU e PS e 2 abstenções do PSD e 1 voto contra do PSD, e intitulada “Pela Liberdade de Informar e Ser Informado”, refere que “Évora tem assistido ao longo dos últimos anos a uma autêntica dizimação das delegações locais dos órgãos de comunicação social nacionais, tendo como implicação a redução drástica da cobertura noticiosa da região que vê, assim, agravar o seu isolamento”.
O BE sublinha que “não há Democracia sem verdadeira liberdade de informar e ser informado.Nesse sentido a informação deve ser vista como um bem público e como tal, não deixa de ser com crescente preocupação que a Assembleia Municipal de Évora tomou conhecimento da intenção do Grupo Controlinveste de proceder ao despedimento colectivo de 140 trabalhadores que, localmente, se traduz no desaparecimento de mais um órgão de comunicação social em Évora.”
E isto porque “este processo de despedimento colectivo levará ao encerramento da delegação da TSF em Évora, com o despedimento, por extinção do posto de trabalho, do seu único colaborador".
“O anunciado encerramento da delegação da TSFfoi precedido do encerramento das instalações da LUSA no Alentejo (estando os seus trabalhadores a desempenhar funções a partir de casa), da redução de três para duas equipas na RTP (acompanhada da deslocalização para instalações precárias), do fim da existência de correspondentes regionais dos jornais Público e Expresso e da desvinculação dos jornalistas que trabalhavam para a TVIe SIC. Assistimos, também, nos últimos anos, à venda da Rádio Jovemà TSF, que usa o emissor de Évora apenas como retransmissor, e à compra por parte da IURD da rádio Antena Sul. Ao silenciar-se mais um órgão de comunicação social, em Évora, silencia-se a voz dos eborenses e empobrece-se a região e a Democracia.”, refere o BE nesta moção aprovada pela Assembleia Municipal de Évora.
Para o BE, (sobre o fecho da delegação do Alentejo da TSF) “ao silenciar-se mais um órgão de comunicação social, em Évora, silencia-se a voz dos eborenses e empobrece-se a região e a Democracia”, pelo que “a Assembleia Municipal de Évora, reunida a 27 de Junho de 2014, não pode deixar de se solidarizar com os trabalhadores despedidos e manifestar o mais veemente protesto e repúdio pela decisão do Grupo Controlinveste. Atendendo a que cabe aos poderes públicos apoiar a concretização do direito de informação, pelo exposto, a Assembleia Municipal de Évora insurge-se, ainda, contra a degradação dos serviços de comunicação social no Concelho e apela ao Governo para a criação urgente de um sistema de incentivos à fixação local e regional de órgãos de comunicação social.”