Das eleições para o Parlamento Europeu resultaram um conjunto de factos, todos eles contestáveis por variados argumentos como é hábito.
O PSD e o CDS, coligados, conseguiram o pior resultado percentual de sempre, registando uma derrota histórica.
O PS foi o partido mais votado, elegendo mais um eurodeputado que PSD/CDS, e pelas movimentações e opiniões de alguns militantes, dirigentes e senadores, parece ter obtido a sua pior vitória de sempre que poderá levar à morte política do seu secretário-geral.
A troika interna, PS/PSD/CDS, ficou abaixo dos 60% dos votos obtidos quando em 2004 tinha atingido 77% e em 2009 66% dos votos expressos, o que levou grande parte dos comentadores a alarmarem-se com a situação, imaginando o que seria uma Assembleia da República onde a soma dos deputados da troika não chegasse para rever a Constituição.
A CDU obteve o melhor resultado percentual dos últimos 25 anos, conseguindo 12,68% e 416377 votos, elegendo mais um eurodeputado. De salientar que, apesar da elevada abstenção, os comunistas e seus aliados obtiveram cerca de mais 35000 votos que nas europeias anteriores.
Marinho e Pinto, usando o MPT como barriga de aluguer, conseguiu a sua eleição e a do segundo da lista, obtendo 7,14% dos votos expressos. Resultado admirável se considerarmos a inexistência de um qualquer projecto político que suporte a candidatura, podendo o ilustre jornalista/advogado ser já considerado ao nível do famoso Coelho madeirense.
O BE viu reduzida a sua representação a apenas uma eleita, obtendo menos cerca de 200000 votos em relação às eleições de 2009.
A abstenção atingiu um valor recorde de 66% o que levou a comunicação social a dissertar sobre o assunto distribuindo responsabilidades por todos, colocando-se de fora dessa responsabilização como se não fosse a dita cuja a construir o mito do “arco da governação”, constituído por parecidos, que leva a que os eleitores tenham a percepção de que não vale a pena votar porque apenas existe alternância sem alternativa e que os “partidos são todos iguais”.
Moral da história
A direita foi severamente derrotada e perdeu o apoio político e social que lhe permitiu conquistar o poder em 2011 e a única forma e travar o caminho do desastre é a convocação de eleições antecipadas.
A CDU reforçou-se substancialmente em percentagem, votos e mandatos, como resultado da sua acção coerente na luta contra as políticas impostas pelo governo no percurso de empobrecimento dos trabalhadores, pensionistas e reformados.
O PS ficou prisioneiro da sua contradição insanável, quando pretende fazer oposição às políticas que resultaram do memorando de entendimento e do pacto orçamental quando ambos têm a sua assinatura. Cada vez mais eleitores parecem perceber que a alternativa não pode ser mais do mesmo como aconteceu nos últimos 37 anos.
Esta semana, enquanto os dirigentes do PSD e do CDS tentam convencer-nos que tiverem uma derrota honrosa e os candidatos a candidatos do PS andam a contar espingardas e a conspirar uns contra os outros, a CGTP leva a cabo uma semana de luta pelo aumento do salário mínimo e o PCP prepara a anunciada moção de censura ao governo. Como diz a minha prima Zulmira, cada um é para o que nasce.
Até para a semana
Até para a semana
Eduardo Luciano (crónica na rádio diana)