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Saída limpa para quem?

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Começou o embuste da saída limpa. Para aqueles que acreditam e promovem a ideia de que Portugal terá uma saída limpa após a intervenção da troika, pergunto:
- A dívida pública atingiu 213,6 mil milhões de euros; 8771 milhões a mais do que em 2012 segundo dados divulgados pelo Banco de Portugal; o rácio da dívida pública em percentagem do PIB tem vindo a aumentar ao longo dos últimos anos e passou de 108,3% em 2011 para 124,1% em 2012 e para 129% em 2013. É isto uma saída limpa?
- A taxa do desemprego atingiu nos finais de 2013, 15,3% e Portugal continua a ter um nível de desemprego muito superior ao da União Europeia (10,6%) e ao da zona euro (11,9%). A taxa do desemprego jovem atinge os 35% sendo que, comparada com outros países, Portugal tem uma taxa média superior à média da zona euro (23,5%) e da União Europeia (22,9%). Será isto uma saída limpa?
- O Governo cobra cada vez mais e distribui cada vez menos: IRS subiu 35,5%, custo de vida 20% mas os apoios caem 7%; os novos dados da Segurança Social deixam evidente o caminho que tem sido implementado e assim entre Janeiro de 2013 e Janeiro de 2014, a rede de segurança do Estado foi alvo de mais cortes ajudando cada vez menos gente, isto apesar de os impostos sobre os cidadãos que financiam esta rede de segurança serem cada vez mais elevados – só a receita de IRS aumentou 35,5% em 2013. Continuam a acreditar na saída limpa?
- Em relação a Janeiro de 2013, a rede de proteção da economia continuou em queda em 2014: os 416 mil desempregados que recebiam apoio do Estado (subsídio, subsídio social ou prolongamento do subsídio social) passaram a ser 338,3 mil, uma redução de 6,68%. Mais de 438 mil desempregados não têm qualquer apoio do Estado e aqueles que ainda têm direito a uma prestação, se no início de 2013 o valor médio mensal do subsídio era de 510,2 euros, no início de 2014 foi reduzida para 470 euros o que diminui 40 euros mensais, significando assim um corte de um mês no valor recebido num ano. Os apoios aos desempregados foram reduzidos de 203 milhões mensais para 182 milhões. Porque nos falam em saída limpa?
- Que sentido faz falar em saída limpa, quando em apenas 2 anos o total de famílias em Portugal que ganham menos de 10 mil euros brutos por ano disparou 33,1%, ou quando o risco de pobreza da população portuguesa aumentou entre 2011 e 2012, atingindo 18,7% da população, ou seja, quase 2 milhões de pessoas.
- Todos sabemos que não existe qualquer saída limpa, o país e os portugueses estão mais pobres, e o futuro, caso não o consigamos contrariar, será de mais e mais austeridade. Assim está inscrito no Tratado Orçamental Europeu, que PSD, CDS e PS apoiam.
- Mas está na altura de uma verdadeira saída limpa, sim. No dia 25 podemos, todos, começar a contribuir para ela.
Até para a semana!

Bruno Martins (crónica na rádio diana)

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