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Channel: A Cinco Tons
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Não penses… Eles agradecem!

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Gostaria de confessar o que hoje parece ser um pecado: sou jovem e não sou anti-partidário. Sempre considerei qualquer generalização ou preconceito perigosos. Ainda assim, percebo o porquê de muitos jovens adotarem este pensamento. Percebo bem por inúmeras razões, entre as quais:
a) Os partidos que têm sido Governo há mais de 30 anos têm-nos levado até ao abismo. Este grande centrão (nada mais do que uma máscara do neo-liberalismo e capitalismo desenfreado) tem falhado nos compromissos pré-eleitorais, levando ao descrédito toda e qualquer proposta apresentada antes das eleições. Estes partidos têm passo a passo (uns mais largos do que outros) conduzido a massivas transferências de dinheiro do trabalho para o capital;
b) Estes mesmos partidos (PS/PSD/CDS) têm sido os maiores dinamizadores do enorme fenómeno de corrupção que invade a sociedade portuguesa. A corrupção deixou de ser isolada, passando a ser um fenómeno comum para os mais altos dirigentes destes partidos;
c) Nesta linha, as ligações asquerosas entre aqueles que governam e os grandes grupos económicos têm sido promíscuas. São os interesses destes grandes grupos (dos chamados donos de Portugal) que têm governado e não os Governos democraticamente eleitos. Em troca, os senhores e senhoras membros do Governo, quais meretrizes, vendem o que podem (e que é nosso) em troca de um lugar de administração nesses grandes grupos;
d) Perante estes factos, mais do que comprovados (inúmeros são os casos de compadrio e corrupção), a justiça tem sido cega. Uma justiça que pune quem rouba tostões, mas que perdoa quem rouba milhões;
e) Assistimos, também nestes partidos, ao fenómeno da carreira política: “jotinhas” que vão ascendendo na cadeia do partido até chegarem aos mais elevados cargos dirigentes dos mesmos. Basta olhar para o nosso atual primeiro-ministro. De poiso em poiso, de favor em favor, de apadrinhamento em apadrinhamento até chegar ao topo. Trabalho? Nunca exerceu.
f) Soma-se a esta salada, um ataque brutal à Educação dos jovens. Uma educação cada vez mais dominada pela acefalia. Temos uma Educação de programas, burocracia, avaliações e exames. Educação em Portugal não é estimular o pensamento, a reflexão e a criatividade (porque o ensino artístico desapareceu? Porque a formação cívica desapareceu? Porque os professores criativos e que estimulam o pensamento autónomo dos jovens são prejudicados na sua avaliação?);
Perante este descrédito (que tem alguma razão se atendermos à avaliação do trio partidário demoníaco), os jovens tem optado, nas eleições, por duas grandes vias: a abstenção ou o voto em branco. Quem opta por uma destas opções considera, muitas vezes, que com tal escolha está a dar uma grande lição a estes políticos. Não o está! A grande verdade é que a percentagem de abstenção e dos votos em branco é música para os ouvidos destes senhores. Deles não retiram grandes ilações (embora na noite eleitoral até possam expressar com pesar a abstenção e o número de votos em branco). Aliás, eles sabem que estimulam estes fenómenos, e como tal a estratégia é ganha. Sabem que assim o seu poder não é beliscado.
Das movimentações sociais têm de sair soluções. Destas, alguns partidos retiram lições, outros não.
Mas se pensarmos bem: Será que todos os partidos são mesmo iguais? Quem defende os 99%? Quem defende os trabalhadores, os precários, os desempregados, os pensionistas? Quem procura soluções para uma sociedade mais justa e equilibrada? Quem realmente nos representa neste sistema democrático representativo?
Estou na política (porque todos estamos, mesmo os que pensam não estar) para pensar ativamente e sem amarras e constrangimentos. Felizmente, pertenço a um grande movimento de esquerda que me permite expressar e procurar soluções com outros, procurando pontes de contato e evitando a resignação.
Todos juntos somos mais… Afinal de contas os partidos são feitos por pessoas…
Até para a semana!

Bruno Martins (crónica na rádio diana)

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