Assinei este fim de semana a petição intitulada “Preparar a reestruturação da dívida para crescer sustentadamente”. Uma petição que defende que esta reestruturação deve envolver o abaixamento significativo da taxa média de juro, a extensão de maturidades e a reestruturação da dívida acima dos 60% do PIB, tendo na base a dívida oficial.
Ainda assim, gostava de realçar que a subscrição desta petição, não representa a primeira forma que encontrei para expressar a minha opinião acerca deste assunto.
Em 2011, quando coloquei uma cruz no boletim de voto para as eleições legislativas, fi-lo de forma consciente e informada. Fi-lo porque sabia que estava a votar num programa político que defendia, entre outras coisas, a renegociação da dívida.
Relembro o que estava escrito neste compromisso eleitoral:
“O Bloco de Esquerda propõe uma auditoria à dívida para conhecer em detalhe a composição da dívida pública e privada, seus prazos de amortização e juros. O objectivo: identificar a dívida que o Estado deve assumir, separando-a da parte que resulta de especulação, corrupção ou favorecimento ilegítimo.
O Bloco defende, ainda, uma renegociação que estabeleça novos prazos, novas taxas de juro e condições de cumprimento razoáveis, que acompanhem a recuperação económica, e que anule a dívida inexistente. Em vez de ser uma oportunidade de negócio para os credores dos países da periferia, as presentes dificuldades devem mobilizar uma política de cooperação europeia contra a especulação.”
Lembram-se do que a grande maioria dos comentadores e políticos diziam acerca desta opção? Lembram-se do que dizia Sócrates e os seus seguidores? Eu lembro-me bem. Apelidaram esta política de irresponsável e chamaram a todos os que defendiam a renegociação de caloteiros.
Com isto não quero dizer que não reconheço a possibilidade de algumas pessoas mudarem de opinião. Aliás, é bastante positivo que tenham a capacidade de reconhecer que estavam errados. Estarei ao lado de todos e todas que lutem pela reestruturação da dívida, pois esta é, de facto, a única forma de salvar a economia e os portugueses.
Não sinto, portanto, qualquer dificuldade em estar lado a lado com aqueles que apelidaram de irresponsáveis aqueles que defendiam o que, só agora, defendem.
Ainda assim, não me esqueço que enquanto assobiavam para o lado perante a urgência da renegociação da dívida, a economia foi sendo destruída, e com ela o emprego, os salários, as pensões e as funções sociais do estado.
Estou convosco, mas não me esqueço que pretendem, agora, ser salvadores de uma pátria que ajudaram a destruir.
Até para a semana!
Bruno Martins (crónica na Rádio Diana)