Comemoramos hoje, dia 24 de março, o Dia Nacional do Estudante, em homenagem ao espírito dos estudantes que lutaram contra a opressão na década de 60. Em 2014, em ano de celebração dos 40 anos do 25 de abril, o sentimento é especial: a Revolução foi o tiro de partida para a construção de um Estado assente na educação, saúde e proteção social para todos os cidadãos. Infelizmente, apesar dos significativos avanços das últimas décadas, “Abril” continua por cumprir plenamente. E continuará por cumprir enquanto a possibilidade de acesso aos vários graus de formação não for universal; enquanto tivermos colegas que não podem prosseguir os seus estudos por não conseguirem suportar os custos de frequência do ensino superior; enquanto houver colegas que desistem a meio do seu curso superior por dificuldades financeiras, apesar de serem estudantes exemplares; enquanto tivermos instituições de ensino superior que ignoram estes problemas; enquanto tivermos um Governo que demagogicamente tenta negar o que é evidente, brincando com os números e vendendo um discurso que não tem qualquer adesão à realidade.
Nós, os estudantes de ensino superior, somos herdeiros dos valores da solidariedade entre cidadãos, onde, por exemplo, um cidadão analfabeto está disponível para, com os seus impostos, financiar a formação superior de outros. Em defesa desta solidariedade, destas bases de progresso social, da educação como melhor instrumento de mobilidade social, os estudantes e seus representantes continuarão sempre a ser agentes de intervenção.
Não tenhamos ilusões: apenas com uma sociedade mais qualificada conseguiremos ser competitivos no futuro; apenas quem desconhece os custos da ignorância propõe desinvestir na educação.
Períodos de maior dificuldade como o que hoje atravessamos exigem mais de quem tem a responsabilidade do governar. O ajustamento não pode servir de pretexto para o desinvestimento na educação dos cidadãos. Se assim for, que País teremos no fim da crise? Como criaremos um economia baseada no conhecimento, na criatividade e na inovação? Como seremos competitivos a nível global?
O caminho não é este: continuar com os cortes indiscriminados no financiamento às instituições de ensino superior, recusar alterar um sistema de ação social obsoleto que não dá resposta às reais necessidades dos estudantes e das suas famílias, assistir apaticamente ao abandono do ensino superior sem criar mecanismos eficazes para a sua prevenção, manter uma rede de instituições de ensino superior que desenvolvem a sua atividade de costas voltadas, manter uma oferta formativa desorganizada difícil de compreender por quem se candidata ao ensino superior.
Mude-se a governação ou mudemos os governantes! (aqui)