As preocupações com a "grave" situação financeira da Câmara de Évora dominaram os primeiros 100 dias de mandato do autarca comunista Carlos Pinto de Sá, mas a oposição socialista não encontra diferenças em relação à sua anterior gestão.
O autarca de Évora, Carlos Pinto de Sá (CDU), disse hoje à agência Lusa que foi feito um "levantamento da situação do município" e que, após os primeiros meses de trabalho, encontrou "uma situação ainda um pouco mais grave do que aquela que esperava".
"No final de junho de 2013, existiam compromissos assumidos pela anterior gestão [PS] no valor de quase 64 milhões de euros para os próximos anos", afirmou, referindo que "a dívida global do município é de 83 milhões de euros".
Carlos Pinto de Sá adiantou que se ficou também a saber que "o prazo médio de pagamento a fornecedores cresceu 50 por cento nos primeiros seis meses do ano passado", subindo de "590 para 867 dias".
"No final do anterior mandato, terá ultrapassado certamente os 1000 dias", acrescentou.
O presidente do município realçou que o "mais preocupante"é a situação de desequilíbrio económico da câmara, em que "os custos são superiores aos proveitos em mais de nove milhões de euros".
"Este é o grande problema da câmara, que se reflete em toda a atividade do município e, enquanto este não for resolvido, continuaremos a ter uma situação [financeira] gravíssima", afirmou.
O autarca comunista destacou, por outro lado, que foram criados mecanismos de participação interna, iniciados os trabalhos de preparação para uma reorganização dos serviços e melhorada a higiene e limpeza pública.
"Queremos que, já em 2014, o centro histórico passe a ter um plano de animação regular", continuar a "estabelecer contactos para atrair mais investimento para o concelho" e a "renegociar contratos absolutamente terríveis que estão a depauperar o município", acrescentou.
Do lado da oposição, o vereador socialista Silvino Costa disse à Lusa que, para já, "não se nota qualquer diferença em relação ao mandato anterior [PS]" e que, ao fim de 100 dias de governação, esperava "uma maior dinâmica e mais iniciativa".
"Não é uma atitude de quem ganha uma câmara, após 12 anos de interregno", afirmou, considerando que "não se veem ideias novas" e que "alguns dos novos projetos mudaram o nome, mas continuam dentro do mesmo género", como é o caso da iniciativa "Doze Meses de Boa Mesa".
Silvino Costa acusou a gestão comunista de "apresentar sistematicamente" as dificuldades financeiras e o Programa de Apoio à Economia Local (PAEL) como "desculpas para que não haja ideias", dizendo que os problemas "já eram conhecidos".
Também em declarações à Lusa, o vereador da coligação PSD/CDS-PP Paulo Jaleco defendeu que "é muito cedo para se conseguirem notar grandes mudanças".
Contudo, assinalou que existe da parte do presidente do município "abertura para tentar solucionar algumas questões que são colocadas, mesmo a nível político", o que "é um bom indício".
O comunista Carlos Pinto de Sá conquistou a Câmara de Évora aos socialistas nas eleições autárquicas de 2013, governando com maioria absoluta. (LUSA)