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Defesa miserável de uma prova miserável

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Ontem não foi o dia d, mas foi a tentativa de impor o dia h para um conjunto alargado de trabalhadores do sector da educação.
Na linha do feroz ataque aqueles que querem fazer da docência o seu modo de ganhar a vida, o Ministério da Educação impôs a obrigação de um humilhante exame de acesso à profissão, para milhares de professores com menos de cinco anos de exercício daquela actividade.
O dia foi aproveitado pela comunicação social para dar voz a todos aqueles que fazem dos professores da escola pública o alvo preferencial da sua mesquinhez, muitas vezes pegando em exemplos e episódios negativos para generalizar e lançar um anátema contra a totalidade dos que exercem a profissão.
Foi valendo de tudo. Desde o comentador que não faz ideia do que é o sistema de avaliação da função pública e que afirma que os professores não querem ser avaliados (confundindo avaliação com restrição de acesso à profissão) até à reportagem onde foram colocadas duas jovens que frequentam o ensino secundário, a afirmar que a prova era demasiado acessível até mesmo para quem não tem habilitação própria para ensinar.
Peça essencial desta campanha foi a entrevista concedida por Nuno Crato a José Rodrigues dos Santos onde, beneficiando da passividade do entrevistador, chegou a perguntar se não era legítimo que um licenciado em comunicação social prestasse provas para pivot de telejornal, sem que o entrevistador tivesse devolvido a pergunta questionando a legitimidade de prestar provas para ingressar numa profissão que se exerce há 5 anos, estabelecendo propositadamente a confusão entre candidatura a um emprego e o direito de se considerar apto a exercer uma determinada profissão.
Na defesa miserável da sua dama, o ministro não hesitou em colocar em causa a qualidade do ensino superior deixando no ar, com claros propósitos divisionistas, que os que frequentam as universidades são melhores que os que frequentam as escolas superiores de educação.
Diga-se em abono da verdade que ao dividir os professores em dois escalões, com mais e com menos de cinco anos de profissão, já tinha tentado o truque de colocar os mais velhos contra os mais novos, com a preciosa ajuda do sindicato afecto à UGT.
O que está em causa não é o número de professores que são obrigados a fazer a prova, mas a instituição de um princípio humilhante para quem tem de a fazer e de intolerável desconfiança para quem a tem responsabilidade de formar alunos para o exercício da docência e o ministro deixou isso bem claro nas declarações que prestou.
Por isso mesmo o estabelecimento de um patamar acima do qual não era exigida a prova, não foi uma cedência do ministro mas uma atitude legitimadora por parte do sindicato que aceitou desistir da luta.
A prova miserável, defendida miseravelmente pelo ministro e suas caixas-de-ressonância e legitimada por quem deveria ter como principal preocupação a defesa da dignidade dos seus associados.
Até para a semana

Eduardo Luciano (crónica na rádio diana)

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