A próxima semana marca o início da pausa lectiva para milhares de jovens alunos portugueses.
Nas escolas, a azáfama dos professores prossegue com as reuniões de avaliação, sempre plenas de uma carga burocrática, crescente, onde pontuam relatórios, planos, análises de documentos especializados, tratamento e encaminhamento de casos prioritários, etc, etc.
Para a semana, não são apenas os alunos que vão ser avaliados, no dia 18, próxima quarta-feira, milhares de professores, contratados, realizam uma chamada prova de avaliação de conhecimentos e capacidades para que possam exercer a sua função, agora repescada às tristes memórias dos tempos da ministra Maria de Lurdes Rodrigues.
Mais uma vez não se resiste à tentação de retirar o centro da educação do seu objecto prioritário, os alunos, e sem aparente e lógica explicação abre-se mais uma frente de batalha social e profissional.
Confesso que não entendo a deriva da agenda do MEC que depois de tudo o que têm sido as dificuldades inerentes à implementação do ano lectivo, surge agora com esta ideia que parte a meu entender de um conjunto de premissas falsas e com as quais não concordo.
Sejamos claros:
1- Esta prova visa avaliar a competência de professores que não se limitaram a fazer uma licenciatura e agora querem continuar a dar aulas. Destina-se a quem, para além de anos de exercício da profissão, obteve uma profissionalização específica, aprovada e certificada pelo Ministério da Educação, para a docência ao nível da pós-graduação ou mestrado.
2- Esta prova não permite o acesso à carreira de professor, mas apenas determinar se professores já profissionalizados podem exercer a respectiva profissão e isto não tem paralelo noutras profissões
3- Não há estudos de nenhum cariz que validem técnica e cientificamente esta prova.
4- O critério que impera desde a passada semana, abrangendo apenas professores com menos de 5 anos de tempo de serviço, é totalmente desprovido de rigor e qualquer sentido ético e de respeito por quem apostou na sua formação e profissão.
5- Pedir a jovens profissionais, alguns deles desempregados e que têm de suportar custos de deslocação para os locais de realização da prova, 20 euros para a realização da prova, tipo “joia de entrada no clube”, é tão só e apenas ridículo e imoral.
Tanto quanto se sabe, Passos Coelho foi obrigado a intervir, em menos de duas semanas em matérias deste ministério, por via da prova dos professores e dos cortes nos orçamentos das universidades.
A bem da serenidade, que deve reinar neste e em outros sectores espero que impere o bom senso e sejam afastados os ventos do provérbio de que… não há duas sem três, porque.. …já cansa de experimentalismos.
Continuação de Boa Semana
Silvino Barata Alhinho (crónica narádio diana)