SOMOS POR UM ENSINO PÚBLICO DE QUALIDADE
Chegou o início do ano escolar, um momento especialmente marcante na vida das crianças, dos jovens e das famílias.
Início de nova etapa nas vidas dos mais pequenos e de reencontro de amigos para muitos. Mas é também um momento de preocupação e muitas vezes de angústia para pais e encarregados de educação, confrontados com horários desadequados face aos seus empregos, insuficiência gritante da rede pública do pré-escolar, insuficiência de actividades de tempos livres (ATL) para os filhos.
A tudo isto se somam as dificuldades para tantos em ter dinheiro para comprar manuais escolares, livros e outros materiais escolares, cada vez mais caros.
Este ano, o Governo PSD-CDS tornou mais evidente o ataque à escola pública: são os mega-agrupamentos de escolas, é o aumento de alunos por turma, dificultando o trabalho de alunos e professores, é o despedimento de milhares de professores contratados e o empobrecimento generalizado da Escola Pública ao nível dos recursos materiais e humanos.
Porque defendemos um ensino público de qualidade, participado pela comunidade, também aqui a presença do Bloco de Esquerda na Câmara Municipal de Évora pode fazer a diferença.
Com excepção da definição dos currículos e da contratação de professores que é da responsabilidade do Governo, até ao ensino secundário a Autarquia têm um papel importante e cabe no seu quadro de competências a administração da rede escolar. Quer isto dizer que são da sua responsabilidade a administração directa das escolas do 1º ciclo do ensino básico e dos jardins-de-infância que integram a rede pública, as infraestruturas escolares, as cantinas, a gestão dos meios logísticos, a contratação do pessoal não docente e os mecanismos de apoio às actividades escolares e a acção social escolar.
É, portanto, grande a responsabilidade e também a possibilidade de intervenção da Câmara.
Por isso defendemos que a área da edução tem que ser vista para além de um pelouro da vereação. Deve ser uma preocupação de todo o executivo, numa visão transversal, em que as questões do ensino se cruzem com a dimensão social ou com a gestão territorial. Tem que ser vista, para além das paredes dos organismos oficiais ou do Conselho Municipal de Educação.
Ensino público de qualidade é para nós o resultado do trabalho da Câmara para que sejam, definidos planos educativos à escala da freguesia ou da escola, que reforcem a ligação entre escola, famílias e comunidades. É criar uma escola inclusiva, com projectos educativos que privilegiem a participação de todos e o exercício da cidadania.
Ensino público de qualidade para nós é alargar a rede pública do pré-escolar, garantindo o acesso a todas as crianças do concelho, articulando com a rede social.
Porque com a barriga vazia ninguém aprende, ensino público de qualidade é garantir que todas as crianças e jovens têm uma alimentação saudável e suficiente.
É ter o cuidado de dar os apoios sociais aos que mais necessitam sem os diferenciar, eliminando práticas estigmatizantes como são as senhas de refeitório de cores diferentes consoante os escalões de apoio.
É ter uma bolsa de manuais e materiais escolares para aqueles que necessitam.
Ensino público de qualidade é para nós ter espaços e recursos humanos que permitam a permanência de crianças e jovens na Escola em horário pré ou pós escolar, facilitando a vida aos pais trabalhadores, promover as Actividades de Animação e Apoio à Família e as Actividades de Tempo Livre (ATL), directamente ou em parceria com outras entidades, que garantam a possibilidade de frequência por todos e não apenas por aqueles que tem recursos.
Ensino público de qualidade é dotar as escolas dos meios e recursos humanos necessários. É proporcionar a todos o acesso a prática desportiva. É proporcionar a todos o acesso à cultura, levando a música, o teatro, a dança, as artes plásticas à Escola e a Escola ao Teatro, a concertos, aos museus.
É por este ensino de qualidade que pugnaremos e é também aqui que podemos fazer a diferença.
Crónica de Maria Helena Figueiredo , candidata do BE à Câmara de Évora (Diário do Sul - 16 Set.)