O presidente do “eurogrupo” disse uma gracinha e conseguiu ofender os habitantes de uma parte significativa do continente europeu.
Utilizando uma metáfora de mau gosto, o senhor de nome impronunciável conseguiu ofender os homens e as mulheres do sul da europa, demonstrar o seu preconceito para com a diferença e armar-se em moralista da treta. Dizem alguns que conseguiu mesmo ser racista e xenófobo, pincelando a sua atitude com uns laivos de supremacia racial que deve ter ido buscar aos primos nazis.
O presidente do “eurogrupo”, até poderia ser líder do partido de extrema-direita holandês e todos compreenderíamos o enquadramento das suas palavras.
Mas o senhor ainda é ministro das finanças do governo holandês e pertence a um partido que se reclama da social-democracia, que quase desapareceu do espectro político depois das últimas eleições, provando que a rendição aos ideais neo lilberais não trouxe nenhuma vantagem aritmética aos partidos que ajoelharam perante o novo deus.
O Banco Central Europeu vem agora ameaçar o governo português, sugerindo sanções por desequilíbrio excessivo, já que não podem sancionar o deficit excessivo, numa atitude que vem demonstrar (como se tal fosse necessário) que a velha máxima de que não nos devemos baixar para que não mostramos as intimidades, continua válida.
O vice-presidente do BCE é português e foi secretário-geral de um partido que se reclama dos princípios da social-democracia e aceita tranquilamente esta posição. Perguntam-se alguns sobre o que é que o homem está lá a fazer, sabendo muito bem a resposta.
Depois de muitos foguetes e elogios à eleição de António Guterres para secretário-geral da ONU, que motivou o inchar de alguns peitos lusos, eis que na primeira oportunidade o novo secretário-geral demonstra as razões pelas quais foi eleito.
Foi elaborado um relatório, intitulado “Práticas Israelitas em Relação ao Povo Palestiniano e a Questão do Apartheid”, que acusa Israel de praticar o apartheid “tal como definido em instrumentos da lei internacional”.
Os Estados Unidos reagiram e o secretário-geral da ONU demarcou-se das posições assumidas no relatório e exigiu a sua retirada da internet, provocando a demissão da diplomata jordana, secretária executiva da comissão, perante os aplausos de Israel.
O secretário-geral das Nações Unidas é português e foi secretário-geral do mesmo partido a que pertence ou pertenceu o vice presidente do BCE, e não teve dúvidas em mandar apagar um relatório que denunciava crimes contra a humanidade.
Depois queixem-se que a extrema-direita cresce, que as vagas populistas são surfadas por cada vez mais gente e que o cidadão ceda à tentação de meter tudo dentro mesmo saco.
Lembrem-se sempre da velha máxima… quanto mais se baixam… pior é a visão do que exibem.
Até para a semana
Eduardo Luciano (crónica na radio diana)