Muita gente concordará que esta luta"contra os governos e contra os interesses financeiros das câmaras" foi ganho. Estão de parabéns aqueles que encabeçaram essa longa luta.
Muitos serão capazes de perceber (e de querer lembrar) qual a posição de cada executivo partidário, quando gestor de cada autarquia, no que respeita à isenção do IMI nestes centros históricos muito especiais.
Muitos concordarão que anda bem o governo que, reconhecendo esse direito aos proprietários destes imóveis, passa para cada uma das autarquias em causa o modo de o regulamentar.
Muitos reconhecerão que tendo conseguido entender-se na reivindicação dessa isenção junto do governo central, agora, as autarquias em causa também deverão (sem abdicarem da autonomia própria…) ser capazes de encontrar uma plataforma comum para "regulamentarem" essa isenção, particularmente nas condicionantes a colocar para ser efectiva essa isenção. Quer dizer, tal como os comentários anteriores antecipam com muita clarividência, essa isenção pode provocar ainda um maior desleixo de alguns proprietários que, se libertos do único compromisso que tinham para com a comunidade onde têm a sua propriedade "abandonada" (degradada, desocupada, socialmente inútil e prejudicando a imagem e a qualidade de vida do CH classificado em que se integram) se sentirão tentados a não recuperar esses edifícios.
Por isso, espera-se que as autarquias sejam capazes de um entendimento comum na regulamentação que agora se lhes pede.
E, naturalmente, se não for possível esse entendimento, esperamos que a nossa autarquia seja capaz de produzir um conjunto de condicionantes suficientemente claras para que tenham direito à isenção aqueles proprietários que cuidarem do seu património, o rentabilizarem em seu proveito, pondo-o ao serviço da comunidade.
Manuel J. C. Branco