Para o Presidente da Câmara Municipal de Évora, Carlos Pinto de Sá, o primeiro orador da tarde, não está em causa a importância do troço ferroviário, mas sim o impacto negativo que o mesmo poderá ter se se confirmar o traçado apresentado.
“É um projeto estruturante para a cidade, para região e para o país, mas a sua implementação não pode significar o total desrespeito pelo direito à qualidade de vida das populações. Esta proposta não corresponde minimamente e por isso já manifestámos o nosso descontentamento junto do Ministério”, disse.
Para o autarca de Évora, que durante a manhã, na companhia de outros membros da Assembleia Municipal, percorreu os 1700 metros de troço urbano desta linha ferroviária, “a concretizar-se este projeto tal significaria o isolamento de boa parte da população de Évora, congestionamento de tráfego no acesso a Évora, através da estrada de Redondo, para além do risco inerente ao transporte de mercadorias perigosas provenientes de Sines”.
Nesta audição, que contou com a presença de um representante do Ministério do Planeamento e das Infraestruturas, coube as Infraestruturas de Portugal (I.P.), através de Cândida Castro, rebater algumas das questões levantadas pelo autarca de Évora.
Durante a sua intervenção, esta técnica garantiu que as I.P. está sensível ao diálogo para que este projeto “chegue a bom porto. Lembro, contudo que depois de conhecermos as preocupações da edilidade fizemos já algumas alterações”.
“Haverá velocidade controlada no atravessamento da cidade pelo comboio, nenhum bairro ficará isolado, as passagens serão niveladas eletronicamente e o ruído será mitigado com o recurso a uma manta resiliente. Por outro lado, as locomotivas serão elétricas”, esclareceu.
Na intervenção de Cândida Castro ficou-se a saber que está prevista a passagem de 14 comboios por dia, sete em cada sentido, e que eventualmente a linha ferroviária Sines/Caia poderá ser ainda utilizada no transporte de passageiros. “Se agora o intercidades chega a Évora porque que não estender este serviço até Caia ou Badajoz”.
O eventual transporte de mercadorias potencialmente perigosas foi uma das questões que mereceu muita atenção, com o representante do Movimento Évora Unida, José Caetano, a lembrar que ninguém pode “garantir que isso não irá acontecer”. Este cidadão realçou ainda a importância de não colocar as questões economicistas à frente das pessoas.
Quanto a esta questão, e por oposição, Cândida Castro das I.P., afirmou que todas as mercadorias “serão contentorizadas ou, na pior das hipóteses, a granel, e que nenhuma delas será perigosa”.
O Movimento Eborenses em Defesa da Sua Cidade, através de Carlos Reforço, fez um apelo ao Ministério do Planeamento para que se “proceda a um aprofundado estudo que encontre alternativas à atual proposta. Nós defendemos um traçado novo”, frisou.
Sobre o tema do dia, o Bloco de Esquerda convidou o deputado Heitor de Sousa, a usar da palavra, o Partido Social Democrata foi representado por José Policarpo, o Partido Socialista por Elsa Teigão e a Coligação Democrática Unitária/Partido Ecologista “Os Verdes” por Manuela Cunha. De seguida, diversos representantes das “forças vivas” da região intervieram. (Nota de Imprensa da CME)