O senhor Schäuble é, como se sabe, ministro das finanças de um estado independente. O senhor Schäuble tem direito a ter as suas preferências políticas, ainda que se trate da política de outros estados independentes.
O senhor Schäuble, pode fazer coro com outros políticos de estados independentes e anunciar a vinda dos diabos que entender, se não se renderem às suas inevitabilidades.
O senhor Schäuble, pode achar que o sucesso de um governo se mede pela sua capacidade de empobrecer os seus concidadãos e, por isso, pode elogiar o governo que não está em funções em qualquer estado independente.
O senhor Schäuble, pode lançar avisos a um ministro das finanças de outro estado independente e tornar públicos esses ralhetes ditos em privado.
Admitindo que tudo isto pode o senhor Schäuble, teremos que admitir que outro senhor qualquer pode fazer o mesmo ao senhor Schäuble, se não se colocar de cócoras e abdicar da sua condição de ministro de um estado independente.
Apesar do demo ainda não ter decidido aparecer e levar para as profundezas do inferno o governo de que o senhor Schäuble não gosta, estas opiniões ditas em fóruns internacionais, amplificadas pela magnífica, isenta e independente comunicação social, tem consequências para o tal estado independente e o senhor Schäuble sabe disso.
Só há uma forma de nos vermos livres do senhor Schäuble e dos seus discípulos, mas para isso é urgente e necessário que nos preparemos para sair do seu jugo. É necessário que se discuta abertamente para que serve e a quem serve este projecto de integração capitalista que é a União Europeia e se é esse caminho que queremos seguir.
É preciso dizer ao senhor Schäuble que não tem, literalmente, voto nesta matéria e que é o povo desse tal estado independente que decide do seu destino, quer seja ou não do agrado da sinistra figura.
Como alguém costuma dizer, vergarmo-nos aos ditames do senhor Schäuble e prosseguir um caminho de progresso é uma contradição insanável. Chegará o momento clarificador em que a opção terá que ser entre estes dois caminhos e aí não será mais possível conciliar o inconciliável.
Até lá teremos o senhor Schäuble a ditar qual é medida do sucesso de uma política. A dizer que gosta mais deste ou daquele governo, que prefere que se ataquem rendimentos do trabalho e direitos sociais porque esse é o caminho do reino dos céus.
Até para a semana
Eduardo Luciano (crónica na radio diana)