Vivemos um tempo muito conturbado e qualquer previsão que façamos, irremediavelmente, seremos remetidos para um resultado nada auspicioso. No nosso caso é a dívida pública e privada que teimam em não descer. O emprego e o desemprego mantêm-se em níveis preocupantes em resultado de uma economia que cresce anemicamente, em média nos últimos quinze anos abaixo de 1% ao ano.
Todavia, mais de metade da população portuguesa não prescinde de invocar os direitos até aqui conquistados. Não estou contra isso, e, muito menos me coloco numa posição de julgar a legitimidade das suas reivindicações. Faço, no entanto, uma pergunta: Se o dinheiro é cada vez menos e custa mais caro, como é que o Estado poderá ir ao encontro destas pretensões sem deixar de contribuir para uma sociedade cada vez mais desigual.
Com efeito, vivem em Portugal mais de dois milhões de pessoas no limiar da pobreza. Têm acesso ao mínimo. Por isso, o mal não reside nos ricos como defendem o Bloco de Esquerda e o PCP. Para termos uma sociedade menos injusta e menos desigual, os ricos devem ser muitos e os pobres cada vez em menor número. Deste modo, a equação certa e acertada é aquela gera mais riqueza e consequentemente mais pessoas a viver melhor. O oposto a isto, é a nivelação por baixo das sociedades. Todos pobres.
Pelo que o orçamento de Estado irá num de dois caminhos. O da pobreza que através do aumento da carga fiscal, sobretudo, dos impostos indiretos; IVA, Tabaco, Combustíveis e Vinho, o Estado recadará mais receitas para distribuir pelas corporações que têm força na sociedade e fazem-se ouvir. Ou então, um orçamento que seja facilitador do investimento, com uma visão de médio e longo prazo, que defenda a estabilidade fiscal.
Penso, contudo, que, a solução governativa no ativo, irá pela primeira solução em nome da sua sobrevivência politica e da obtenção de um resultado eleitoral favorável nas próximas eleições legislativas. Só que esta forma de fazer política levar-nos-á para uma vida que todos, malogradamente, bem conhecemos. A crise financeira e a TROIKA. Será que a memória coletiva é demasiado seletiva que a impede de ver o óbvio.
José Policarpo (na radio diana)