Na qualidade de dirigente da Associação Musical de Évora – Eboræ Mvsica, participei numa reunião de agentes culturais locais, no passado dia 4 de Julho, a convite da Câmara Municipal de Évora.
Na agenda figurava o projecto de uma candidatura ao PO Alentejo 2020 (Eixo 6.3), dependendo a sua viabilidade do possível consenso entre alguns dos promotores culturais da cidade – cujo critério de selecção se mantém ininteligível, para mim, até ao dia de hoje – sendo certo que, entre os presentes, se encontravam os responsáveis por todos os eventos culturais cíclicos, com lastro histórico na cidade, com a única excepção do PIM/Semana dos Palhaços.
A saber:
• João Paulo Macedo/FIKE;
• Luís Pereira e Susana Russo/Associação cultural do Imaginário/Jazz na Cidade;
• José Alberto Ferreira/Colecção B/Escrita na Paisagem;
• José Russo/CENDREV/BIME;
• José Elizeu Pinto (eu próprio) e Paulo Aldeagas/Eboræ Mvsica/Jornadas Internacionais de Música da Sé de Évora;
• Joana Dias/É Neste País/Contanário deveria ter estado presente, o que não aconteceu devido a um lapso na convocatória, sendo o único promotor que não cumpria o “critério histórico”.
Pela CME estavam presentes o assessor para a cultura Luís Garcia e o economista Telmo Rocha, bem como a socióloga Paula Sofio, especialista em fundos comunitários, cedida pela ADRAL, com o propósito especifico de assessorar a elaboração da putativa candidatura.
A reunião iniciou-se com o esclarecimento de que o eixo a que seria submetida a candidatura é vocacionado para o financiamento de projectos no sector turístico (e não cultural, como inicialmente supúnhamos) sendo imperativo – e requisito básico de elegibilidade – que as acções candidatadas não tivessem antecedentes, sido objecto de financiamentos em edições anteriores ou inscritas em ciclos de realização periódica.
Ora as exigências requeridas pareciam contrariar, desde logo, a própria natureza das acções que os promotores presentes traziam em carteira para integrar a candidatura. Para contornar este “pecado original” foi sugerida a dissimulação dessas actividades, sendo proposta a sua simples redenominação, como forma de as tornar elegíveis.
Logo ali, tive oportunidade de questionar a bondade da proposta, considerando pueril o expediente que, previsivelmente, não resistiria ao escrutínio inicial dos avaliadores.
Não sei o que se passou nas reuniões subsequentes – a terem sido realizadas – pois não voltei a acompanhar esse dossier, em nome da associação que então representava, desconhecendo o encaminhamento posterior da candidatura, sendo certo que a Eboræ Mvsica integrou o conjunto dos promotores culturais que viriam a dar-lhe corpo.
No rescaldo desta operação fica-me a dúvida, não apenas sobre a viabilidade desta candidatura, mas também da sua credibilidade e, até mesmo, da convicção do seu promotor institucional – a Câmara Municipal de Évora – na possibilidade da sua concretização, para já não mencionar a capacidade efectiva de esta suportar os 15% da contrapartida nacional que lhe cabem no financiamento do projecto, quando é pública e notória a sua incapacidade para se associar ao esforço financeiro das actividades culturais que, bem ou mal sucedidas, têm sido realizadas no concelho desde a sua captura pelo PAEL.
Évora, em 11 de Agosto de 2016.
José Elizeu Pinto (aqui)