No passado dia 24 de Junho, o Sr. Presidente da Câmara Municipal de Évora afirmou em entrevista à Rádio Campanário que a conclusão do Évora Shopping, centro comercial que está em construção na zona industrial, não é incompatível com a existência de um Centro Comercial às Portas de Avis, dado que são projectos com dimensões diferentes.
Um executivo que sempre disse que não promovia centros comerciais, que sustentou a decisão de venda de terrenos municipais para a construção de um grande empreendimento comercial num estudo que diz claramente que apenas um centro comercial é viável, vem agora defender claramente e publicamente a existência de dois centros comerciais.
Esta foi uma das razões que me levou a questionar o Sr. Presidente da Câmara na última reunião da Assembleia Municipal. Não me faz qualquer sentido que depois de apoiar a decisão de venda de terrenos municipais à porta do Centro Histórico num estudo que diz que apenas é viável uma grande superfície comercial em Évora, estando esta viabilidade condicionada a várias condições, o executivo municipal venha agora defender a existência de duas superfícies comerciais de grandes dimensões. Triste figura que foi feita pelo Sr. Presidente, que traiu a palavra dada aos munícipes, e que na mesma entrevista surge a afirmar que espera que os terrenos sejam vendidos. Utilizar uma entrevista para tentar vender terrenos é estranho. Muito mais estranho é promover a venda depois de ter afirmado uns meses antes que apenas um centro comercial é viável.
Aproveitei, ainda, para questionar Carlos Pinto Sá sobre a entrevista que deu ao jornal Expresso a 2 de Abril deste ano onde afirmou de forma categórica que a venda de terrenos para este fim só avançou porque após discussão pública apurou-se que a população preferia ter um centro comercial junto ao centro histórico. Para quem esteve em todas as sessões públicas promovidas pela Câmara Municipal e pelo grupo Pro Évora, a única conclusão possível a retirar é exactamente a oposta. É, realmente, incrível como conseguiu o executivo chegar a esta conclusão e fazer tal extrapolação!
Era de esperar que todo este filme desse para o torto. A decisão de viabilizar, pela venda de terrenos, um centro comercial às portas do centro histórico era questionável. Decisão tanto mais questionável quando a licença de construção de um outro Centro Comercial no Parque Industrial da cidade se encontrava válida e, apesar da obra se encontrar parada, já circulavam rumores de que haveria interessados no seu relançamento.
Perante estas e outras perguntas, o Sr. Presidente foi prepotente e recusou-se a responder à maioria delas. Apenas afirmou que a Assembleia Municipal já tinha aprovado a venda de terrenos e que o assunto estava encerrado. Lamento imenso esta atitude e esta irresponsabilidade. Lamento porque ainda iríamos a tempo de evitar o descalabro para a cidade, para o seu ordenamento, comércio local e dinâmicas do Centro Histórico. Lamento que esta atitude possa levar a que um grupo grande de cidadãos e cidadãs possa vir a ter razão tarde de mais.
É tudo demasiado incompreensível à luz de uma governação local de esquerda.
Até para a semana, esperando sinceramente que para a semana já não sejam três os centros comerciais que o executivo acha viáveis.
Bruno Martins (cronica na radio diana)