Decorreu este Sábado uma manifestação ibérica para exigir o encerramento da Central Nuclear de Almaraz, situada junto a Cáceres em Espanha. A manifestação contou com números históricos: mais de 600 portugueses e portuguesas deslocaram-se até esta cidade espanhola.
Representando um risco constante para o território português, por estar a menos de 100km da fronteira e à beira do Rio Tejo, a Central Nuclear de Almaraz, em funcionamento desde a década de 80, já ultrapassou em mais de 5 anos o seu período de vida útil. Infelizmente, o Estado Espanhol concedeu uma prorrogação do prazo da sua licença de funcionamento, estando em cima da mesa um novo pedido para nova prorrogação de 10 anos. Claro que os accionistas prinicipais (Endesa, Iberdrola e União Fenosa) querem manter a central o máximo período de tempo possível, dado o lucro de 161 milhões de euros anuais, mas o perigo que esta representa não está contabilizado e é astronómico.
Almaraz tem registados 54 acidentes desde a sua inauguração, o seu desenho já sofreu 4000 modificações. Além disso, a Central já parou de emergência 32 vezes e 3 vezes para manutenção. Um risco enorme junto ao Rio Tejo no qual é refrigerado o reactor da Central e onde são feitas descargas nucleares.
Almaraz reprovou nos testes de resistência feitos pela Greenpeace, e em Janeiro de 2016, cinco inspectores do Conselho de Segurança Nuclear espanhol afirmaram que as repetidas falhas no sistema de refrigeração colocam um sério risco de segurança. Depois do relato dos inspetores, já se registou em fevereiro nova avaria e um incêndio.
Um acidente grave em Almaraz teria implicações profundas na vida e na saúde de gerações, com contaminação em larga escala, levando mesmo ao êxodo de povoações. Portugal seria afectado em grande escala, seja por via aérea (de recordar que os ventos predominantes empurrariam resíduos para o nosso território) seja por via aquática (o Tejo e sua bacia hidrográfica ficariam irremediavelmente contaminados).
Poderá estar a perguntar-se se corremos este risco porque a energia produzida nesta central é essencial para as populações. Não, a verdade é que a energia produzida por Almaraz é irrelevante para o sistema energético espanhol atual e nulo para o português.
De que estamos à espera? De mais um acidente nuclear? É tempo de nos unirmos e dizermos basta!
Até para a semana!
Bruno Martins (crónica na rádio diana)