A companhia Pim Teatro, de Évora, enfrenta "graves problemas financeiros", devido aos cortes dos apoios, que tiveram como consequências despedimento de funcionários, salários em atraso e a redução "drástica" dos ordenados e da criação artística.
Alexandra Espiridião, directora do Pim Teatro, adianta à Agência Lusa que a companhia "está sem apoios financeiros para a sua actividade", depois de ter ficado de fora nos concursos de apoios directos às artes, da Direcção Geral das Artes (DGArtes).
"O Pim Teatro completa este ano 20 anos de existência e volta, praticamente, ao início", porque "tivemos nove anos com apoios e agora estamos outra vez sem apoios", lamenta a também actriz da companhia, que produz sobretudo espectáculos para os mais novos.
A responsável refere que os actuais três funcionários e um outro que já saiu do grupo "têm ordenados em atraso", cujo valor ascende a "12 mil euros", mas também foram obrigados a baixar "brutalmente" os salários, de 800 para 500 euros por mês.
De acordo com a directora do Pim Teatro, a companhia "sempre teve um subsídio reduzido", mas este "garantia a criação e montagem de dois espectáculos anuais e a realização de uma série de actividades consideradas de serviço público".
"Essas actividades começam a ter que desaparecer, porque temos de procurar fazer iniciativas que sejam rentáveis", diz, realçando que os municípios, os "grandes programadores de teatro",estão a atravessar "problemas financeiros" e "não estão a comprar espectáculos".
"Estamos a estudar o mercado para tentar perceber onde o teatro faz falta e onde existe dinheiro para o pagar. Por muito que nos pudesse agradar, não podemos trabalhar gratuitamente, porque nós também temos filhos, casas e contas para pagar", acrescenta.
Alexandra Espiridião dá como exemplo a "Semana dos Palhaços" que a companhia alentejana promove, a partir desta quarta-feira e até domingo, 28, em Évora, com a participação de dez companhias portuguesas e estrangeiras.
Assinalando que "a ´Semana dos Palhaços` é um acto de loucura" da companhia, explica que o grupo "está trabalhar há três semanas para não ganhar nada" em termos financeiros, porque "o festival não tem fontes de lucro, nem sequer se cobra bilheteira".
A responsável adianta que a iniciativa conta com um "ridículo" apoio financeiro de 1.900 euros, da Direcção Regional de Cultura do Alentejo e da Junta de Freguesia da Malagueira.
"Só mesmo uma ´Semana dos Palhaços` é que se faria com 1.900 euros de apoios institucionais e só mesmo os palhaços aceitariam trabalhar por nada", ironiza, considerando que seriam necessários "19 mil euros para um festival com duas semanas e para trazer mais artistas".
A directora do Pim Teatro diz antever um futuro "negro", já que a companhia ainda não vendeu nenhum espectáculo para Agosto e os que já estão marcados para Setembro "não garantem os mínimos de subsistência" do grupo.
Alexandra Espiridião admite que o Pim Teatro está a pensar ir desenvolver o seu trabalho "para outra zona do país ou para o estrangeiro", alegando que as actuais condições "não permitem continuar" por muito mais tempo. (LUSA)