O prometido é devido e este fim de semana tive tempo para ouvir a entrevista do candidato do PSD, Paulo Jaleco à rádio Diana. De Paulo Jaleco, um médico, desde sempre comprometido com as coisas do desporto já se sabe que não é um político e que o PSD/CDS esperam que ele, com algum carisma que mantém nalguns meios da cidade, possa evitar a derrocada que muitos adivinham (nomeadamente a perda do vereador). É possível que Paulo Jaleco evite a perda do vereador laranja - sobretudo por não ter um discurso político nem ser muito identificável com a actual maioria que gere o país. E isso ficou bem patente nesta entrevista. Percebeu-se que Paulo Jaleco tem "umas ideias gerais" sobre Évora e o seu patamar de discussão está ao nível das conversas de café que todos temos. Tem umas ideias sobre o Garcia de Resende, o envolvimento dos agentes, a necessidade de aproveitar todos os investimentos, a certeza de que a situação financeira da Câmara não permite grande obra, mas pouco mais - aliás, por meia dúzia de vezes disse que foi convidado para candidato só há alguns meses e que só agora está a estudar alguns dossiers.
Ao ouvir a entrevista fica a sensação que Paulo Jaleco é honesto no que diz: não sabe e diz que não sabe, evitando pôr-se em bicos de pés e sabendo que o que está em jogo não é a sua eleição para presidente de Câmara mas apenas como veredor - e o mais provável ficando sem pelouro (e se o conseguir é um bom resultado!)
A entrevista seguiu o formato das realizadas a Calos Pinto Sá e a Maria Helena Figueiredo, com José Faustino a "mostrar", mais uma vez, que a entrevista a Manuel Melgão foi a excepção - em que a combinação de assuntos a tratar e a não tratar foi mais do que evidente.
De Paulo Jaleco pode-se dizer que é um candidato fraco - mas, neste momento, ao PSD/CDS seria dificil encontrar melhor.
Ouvidas as quatro entrevistas, embora sem ser brilhante, Pinto Sá, o candidato da CDU, (com anos e anos de tarimba) foi o que mostrou melhor conhecer os dossiers - apesar das referências constantes a Montemor e ao "peso" do sector agrícola - que, diferentemente de Montemor, quase não se nota em Évora - e ter ideias precisas e melhor delineadas;
Maria Helena Figueiredo, do Bloco de Esquerda, apesar de se lhe notar um grande voluntarismo, sente-se que é uma "novata" nestas andanças, com um discurso muito genérico, e ainda pouco à vontade;
Manuel Melgão, nesta série de entrevistas da Rádio Diana, foi a maior desilusão: actualmente presidente de Câmara e com oito anos de experiência autárquica em Évora esperava-se dele um discurso mais estruturado, mais afirmativo e, pelo menos, mais entusiasta. Não foi nada disso. Compreende-se porquê a sua recusa em participar em debates até agora.
Paulo Jaleco não esteve mal nem bem: é assim. A sua ambição também é quase nenhuma - segurar o máximo possível os votos do PSD e do CDS de há quatro anos para evitar a perda do vereador. E para isso tem o perfil certo: ninguém o vê como político, muito menos comprometido com a gestão PSD/CDS a nível nacional.