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Má fé ou irresponsabilidade

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Esta crónica, desculpem-me os ouvintes que me acompanham com interesse, é em forma de desabafo público. Obviamente que pretendo que o país onde nasci assegure a todos uma vida digna no respeito pelas liberdades individuais, que assegure e garanta a todos oportunidades de aprender e disso possam fazer o seu modo de vida.
Este será o desejo, pelo menos paras as pessoas bem formadas, mais transversal e consensual, que uma comunidade politicamente organizada poderá erigir como o seu fim último.
Acontece porém, que, a nação lusa pese o número de séculos que decorreram sobre a sua fundação – em 1143 – ainda não soube e/ou não conseguiu criar as condições para que os seus cidadãos aqui encontrassem a dignidade e a modernidade que a constituição proclama e consagra. E, neste sentido, são bem reveladores os índices referentes ao rendimento médio obtido por pessoa em Portugal. O da diferença entre os rendimentos baixos e os mais elevados. O da corrupção e o da dependência que a economia tem do Estado. Estando, por isso, o nosso país longe dos primeiros lugares dos países mais desenvolvidos.
Por conseguinte, há muito por fazer e concretizar, estou, portanto, certo que não será com proclamações populistas e demagógicas que o panorama social e económico português, rumará no sentido do desenvolvimento.
Na verdade, o orçamento de estado para o ano em curso na opinião das entidades de acompanhamento, que, tanto quanto julgo saber, não estão ao serviço do partido A ou B vêm chamar a atenção para a dificuldade da sua execução. Sobretudo, naquilo que respeita à previsão dos impostos indirectos: tabaco, gasolinas, e, aquisição de automóveis. Segundo estas entidades o aumento destes impostos terá, necessariamente, um efeito dissuasor no consumo em geral. Ou seja, o consumo diminuirá e a arrecadação de impostos ficará aquém do previsto, já para não falar das consequências negativas que isso terá nas empresas em geral, e, em particular, naquelas ligadas ao sector dos transportes.
Ora, se assim é, como é que os cidadãos portugueses poderão acreditar na bondade desta governação, se quem conhece técnica e fundadamente as necessidades financeiras do Estado, levanta muitas dúvidas e coloca muitos pontos de interrogação na bondade deste Orçamento de Estado? Eu, modestamente, tenho a resposta para esta pergunta. Má-fé ou irresponsabilidade.

José Policarpo (crónica na radio diana)

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