Morreu Nuno Teotónio Pereira. Recordo-o com saudade e emoção.
Conheci-o em Portalegre, em 1969, quando eu tinha 16 anos e frequentava o Liceu local. Nuno Teotónio Pereira integrou então a lista da Oposição Democrática que acabou por não se apresentar nas urnas. Vi-o pela primeira vez na sessão do 5 de Outubro daquele ano, no Cine Teatro Crisfal. Em 1970, promovemos uma sessão sobre o 1º de Maio, na Sociedade Musical Euterpe, onde Francisco Fanhais cantou. A partir de então, durante alguns anos, mantivemos contacto. Foii ele, em boa verdade, que me fez dar os primeiros passos na luta política. Através dele colaborei com a Comissão de Socorro aos Presos Políticos, já em Lisboa, antes de eu ir para a Força Aérea em 1971. Periodicamente passava por minha casa, em Portalegre, e deixava um envelope com documentos diversos da Oposição. En 1973, quando era Alferes da Força Aérea, participei numa reunião em sua casa, em Marvão, com o jornalista do República, Fernando Cascais, e outros democratas da região - muito poucos, por sinal - onde expusemos a decisão de não participar nas eleições desse ano. Nuno Teotónio Pereira foi um dos accionistas do semanário a Rabeca, de Portalegre, no período de Janeiro a Abril de 1974. Estava preso em Caxias quando se deu o 25 de Abril, e aquele semanário foi o único órgão de imprensa que noticiou a sua detenção.... Reecontrámo-nos depois da Revolução, na grande assembleia realizada em Portalegre no pavilhão Gimno-desportivo, no início de Maio de 1974. A última vez que estivemos juntos foi no Grémio Lusitano, na apresentação do meu livro A Maçonaria no Distrito de Portalegre. A sua morte é uma grande perda para Portugal. Recordo comovido este Homem com H grande a quem muito devo e que tanta falta nos faz nestes tempos conturbados.