Hoje não me apetece escrever sobre a palidez como estão a decorrer as eleições presidenciais. Hoje não me apetece escrever sobre as dúvidas que tenho na actual governação do país. Hoje, também, não me apetece escrever sobre a falta de estratégia política da Câmara de Évora.
Hoje apetece-me infelizmente escrever sobre um tema que, aparentemente, indigna muitos e muitas, mas os factos traduzem um inquestionável drama que parece não ter inversão. Refiro-me às mortes nas estradas.
Na verdade, o número de mortes ocorrido nas estradas portuguesas é inadmissível, seja de que perspetiva estejamos a falar. Relativa ou absoluta. Como uma das principais causas, segundo a comunicação feita por um graduado da Guarda Nacional Republicana à comunicação social, é o consumo inadequado de álcool. Cerca de um terço dos óbitos verificados em acidentes rodoviários, revelam taxas de álcool contrárias ao permitido por Lei.
Acrescem ainda as manobras perigosas, o excesso de velocidade e o uso de telemóvel, que, contribuem de sobremaneira para o número de mortes verificado nas estradas portuguesas. De acordo com os números apresentados pela ANSR, até ao dia 21 de Dezembro de 2015, tinham perecido nas nossas estradas, 464 cidadãos. É um número inferior do que aquele verificado há dois anos, mas é superior ao verificado em 2014. Porém, este número coloca-nos nos primeiros lugares da sinistralidade europeia.
Ora, a responsabilidade recai em primeira linha no comportamento das e dos condutores portugueses. Disso parece não haver grandes dúvidas. Mas não só. Eu pergunto; quem regula, quem fiscaliza e quem monitoriza o tráfego nas estradas portuguesas, o que tem a dizer sobre este flagelo. Os anos passam e a realidade pouco muda. Por isso, devem as entidades competentes por mãos à obra. Sobretudo no campo da prevenção. E, não digam, que, é isso, o que tem sido feito. Porque os factos traduzem uma realidade inaceitável, para um país que diz civilizado. Se não sabem, demitam-se.
José Policarpo (crónica na rádiodiana)