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Channel: A Cinco Tons
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Ausência de estratégia

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No momento em que se discute publicamente a possibilidade da construção de um centro comercial às portas de Avis, devo dizer que as dúvidas sobre a bondade da decisão se avolumam na minha consciência.
A Câmara Municipal de Évora coloca-se numa posição absolutamente incompreensível e, na minha opinião, ininteligível. Por um lado, refugia-se no argumento de que não pode impedir as construções de centros comerciais, se estes observarem as normas e regulamentos existentes. Por outro, é incapaz de assumir claramente se é favorável ou não à construção de um centro comercial nas imediações da muralha e do aqueduto da “Água de prata”.
Sempre pugnei pela economia de mercado e vejo com muito maus olhos a intervenção do Estado nos modelos económicos a prosseguir. Dito isto, já não posso aceitar que uma Câmara Municipal se abstenha de dizer qual é a sua estratégia para ocupação dos terrenos que são propriedade pública. E, não venham com o argumento de que existe um PDM que autoriza a ocupação do solo, que, no caso em apreço, é para fins comerciais, quando se tem o poder/dever da detenção do direito de propriedade e de condicionar essa utilização.
Ora, a Câmara Municipal de Évora deverá assumir politicamente perante os seus munícipes se é ou não favorável à construção de um centro comercial em lotes de terreno de que é detentora. Porque a decisão da alienação dos lotes de terreno em causa comportará, necessariamente, um impacto a todos os níveis.
Sintetizando, a decisão que agora se analisa modificará para sempre a nossa cidade. Disto considero que ninguém terá a menor dúvida. Resta, no entanto, perceber se há alteração e qual o seu sentido. Se trará melhor qualidade de vida ou não aos eborenses. Na dúvida, manda a prudência, não deverá ser tomada. Estou certo, se assim for, de que todos apreciaríamos a decisão acertada!

José Policarpo (crónica na radio diana)

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