A entrevista dada na segunda-feira pelo candidato a primeiro-ministro António Costa ao Canal 1, televisão do estado, reforçou a minha opinião sobre as motivações que o impelem para tomar o poder da forma como o tem feito. Não houve uma resposta dada que fosse clara e inequívoca, sobre as questões fundamentais das finanças públicas.
Às perguntas feitas se os cenários ditos macroeconómicos defendidos pelos economistas socialistas, permitem um aumento da despesa em virtude da reposição de salários dos funcionários públicos e das pensões, e, se são compagináveis com um abaixamento das taxas de alguns impostos. Respondeu de forma inconclusiva, mesmo evasiva. Em circunstância alguma se comprometeu com alguma medida que evite procedimentos por défices excessivos.
No que diz respeito ao termos dos acordos estabelecidos com os outros três partidos, manteve a argumentação absolutamente inacreditável de que o partido não vai governar como o programa dos outros partidos. Só resta saber se precisar do apoio parlamentar das outras forças que integram a coligação negativa, qual dos programas irá prevalecer. Se o do partido socialista, ou, o do comité central. Isto não faz sentido algum. De que estabilidade politica estamos a falar. As pessoas não são todas distraídas.
Espera-nos, por tudo isto, um futuro político indefinido e de grande imprevisibilidade económica. Por isso, não antevejo boas notícias para o emprego. Quer estejam empregados, quer estejam desempregados. E, tudo leva a crer que as contas públicas saiam da trajetória da consolidação, para passarem para valores muito preocupantes à semelhança do que sucedera em 2011. Ora, o abaixamento tão desejável da carga fiscal, não passará de uma verdadeira e grande miragem. Oxalá esteja eu equivocado.
José Policarpo (crónica na rádio Diana)