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Channel: A Cinco Tons
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Apenas nomes

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O Presidente da República dirigiu-se aos portugueses e indigitou o líder do PSD para formar governo. Até aqui nada de estranho ou de particularmente dramático, independentemente de achar que, com o chumbo anunciado na Assembleia da República, pode o Presidente da República ter colocado numa situação pouco confortável o futuro ex-primeiro-ministro.
Mas o Presidente não fez apenas esse anúncio. Dirigiu-se aos portugueses para lhes dizer que não conta com um milhão de concidadãos seus para qualquer solução governativa, com ou sem a presença de representantes seus eleitos nos mesmos termos que todos os outros.
Também apelou de forma explícita à dissidência de deputados eleitos por um partido que, entende o Presidente, não pode entender-se com o tal milhão de proscritos.
Fez tudo isto com a habitual inabilidade para o uso da palavra e conseguiu que a maioria dos analistas e comentadores honestos de direita e do centro (os de esquerda, ainda que vagamente, parece terem sido banidos da opinião publicada) tivessem criticado o seu discurso.
Mas pronto, o homem lá indigitou o presidente do seu partido para formar governo e, passados uns dias, apareceu uma lista de homens e mulheres que irão ser o governo do país durante uns dias.
Todas as televisões se entretiveram a passar em revista os nomes apresentados, dissecando características, perscrutando o seu passado e tentando adivinhar o seu futuro.
Independentemente da duração do governo, este exercício de elogio ou crítica a personalidades apresentadas como ministros sempre me pareceu absolutamente estéril.
O que está em causa não são nomes, percursos pessoais ou profissionais, mas apenas e só a orientação política e económica do próximo ex-governo.
Eu confesso que nutro algum respeito, por pessoas que se sujeitam ao vasculhar da sua vida sabendo que irão ser ministros por meia dúzia de dias.
Já não me parecem tão respeitáveis os argumentos dos que acham que a eleição do Presidente da Assembleia da República, realizado por voto secreto, deva ser uma espécie de ritual que garante a eleição do deputado indicado pelo partido mais votado e por isso gostei que, pelo menos desta vez, o arco da governação, que também é da exclusão, não se tenha desenhado sobre as cabeças dos deputados.
Os próximos dias serão ainda mais tensos que os que vivemos desde o dia 4 de Outubro e irá adensar-se a barragem de fogo sobre a alternativa ao governo que tomará posse na próxima sexta-feira.
Se já vale tudo para pressionar, chantagear e amedrontar, nem imagino o que por aí virá. Provavelmente em vez de programas com quatro comentadores do mesmo espectro político, teremos oito a dizerem a mesma coisa.
Continuo com a mesma esperança de há duas semanas. Que seja possível um outro governo, quero lá saber dos nomes, que rompa com o curso político dos últimos anos.
Até para a semana

Eduardo Luciano (crónica na rádio diana)

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