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A aritmética necessária

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Os portugueses que votaram no passado dia 4 não estão preocupados onde se funda a legitimidade política do próximo governo. Se resulta das regras escritas ou das não escritas.
Parece-me a mim que a maioria dos eleitores estará preocupada se o dinheiro para vivermos como comunidade política, se chega e a que preço. O resto é demasiado folclore.
Na verdade, o que se coloca ao país não é mais do que uma questão de credibilidade. Isto é, qual a solução politica que melhor garante a médio e longo prazo o desenvolvimento, o emprego e a dignidade aos nossos concidadãos. É a esta a questão, nem mais, nem menos.
Ora, um eventual governo suportado pela maioria parlamentar de esquerda, em virtude do que se conhece dos programas apresentados, tanto pela CDU, como, também, pelo Bloco, trará um aumento inexorável do défice público. Claro que a pergunta a colocar deverá ser: qual é a forma a adotar por estes senhores para que o tratado orçamental possa vir a ser observado.
Salvo melhor opinião, não há uma segunda via, só com o recurso do aumento da receita. Mas como é que vão aumentar a receita, se afirmam todos os dias que pretendem diminuir a carga fiscal para que as famílias possam ter mais rendimento para poderem consumir mais. Esquecem-se ou pretendem fazer-nos esquecer que estas medidas foram aquelas que conduziram o país, por três vezes, desde o 25 de Abril, à bancarrota.
Por conseguinte, a bem do país e dos portugueses, estou absolutamente convencido de que a solução que melhor nos serve é aquela que resulta dos programas dos partidos que defendem a Europa e as organizações internacionais. Por isso, a aritmética que deverá realmente preocupar-nos, não é aquela que resulta de formalismos de ocasião e de conveniência. Mas sim, aquela que vá ao encontro do futuro dos portugueses.

José Policarpo (crónica na rádio diana)

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