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Channel: A Cinco Tons
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Vamos ser Gente de Verdade!

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Hoje é dia 5 de Outubro. Haverá melhor dia para falar da república e da democracia? Haverá melhor dia para reflectir sobre qual o mandato popular que foi conferido após as eleições legislativas? Não vejo melhor dia para falar.
Não é essa a postura do nosso Presidente da República. Haverá melhor forma de descrever Cavaco como o homem que ficará para a história como um Presidente da República que se recusa a falar no dia em que se festeja a instauração dessa mesma República. Tudo isto por cobardia e calculismo partidário.
Ontem fomos a eleições. Permitam-me que faça um breve comentário. A direita ganhou as eleições, o que é um péssimo sinal para o país. Os responsáveis por políticas de destruição da economia, do emprego e do estado social voltam a ter mais votos do que qualquer outro partido sozinho. É um péssimo sinal, mas deve fazer a esquerda pensar. A esquerda deve olhar para as condições de vida dos portugueses e portuguesas e responder de forma urgente e clara. Não é tempo de tacticismos e contas partidárias que ao povo dizem pouco.
Estou orgulhoso do resultado obtido pelo Bloco de Esquerda. Fizemos uma grande campanha, não porque somos bonitos ou simpáticos (como o presidente da câmara de lisboa nos apelidou, e que infeliz foi…), mas porque fomos claros, como nunca fomos, na nossa linha programática. A um programa claro para responder à emergência nacional adicionaram-se centenas de activistas (e que tão pouco ligamos a cartões partidários…) que souberam vir para a rua e explicar esse mesmo programa às pessoas.
Estou, também, orgulhoso porque olho para a nova bancada parlamentar do Bloco de Esquerda e vejo activistas de várias causas (precariedade, deficiência, agricultura, cultura, saúde, emprego, etc, etc, etc,). No Bloco foram eleitos e eleitas gente de verdade, gente que está na rua desde sempre, que denuncia e que constrói em conjunto. Que protesta e que se afirma com soluções e propostas. Esta é a nossa força!
E por último, estou extremamente orgulhoso da intervenção da Catarina Martins ontem à noite. Soube responder aos resultados com responsabilidade e consciência colectiva. Desafiou desde logo a esquerda para ser isso mesmo: ESQUERDA com letras grandes. A verdade é que se o PS se quiser assumir, a esquerda tem a maioria no parlamento. Deveria chegar de austeridade. Deveria chegar de miséria. Mas parece que os calculismos vão continuar. Costa respondeu ao desafio com um discurso amorfo, vazio, apelando a um sentido de responsabilidade que se traduzirá na desgraça do povo. Falou que não quer construir uma maioria negativa. Registo que para Costa uma maioria negativa é aquela que defende salários, pensões e o Estado Social.
O Bloco diz presente, ergue a cabeça perante o seu povo, e sabe da responsabilidade que os votos lhe conferem. Sabemos que não há crescimento económico com austeridade, que não há viabilidade para um país sem emprego, que não há futuro nesta configuração de instituições e tratados europeus. Costa fará o que quiser, mas fica o desafio a tantas e tantos que ontem votaram PS, mas que hoje já perceberam, e parafraseando Fernando Medina, que não basta ser “simpático e bonito”.
Merecemos mais! Vamos à luta! Estamos disponíveis! Façamos pontes! As maiorias constroem-se no colectivo, dentro e fora da Assembleia da República!
Até para a semana.

Bruno Martins (crónica na Rádio Diana)

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