A rádio trouxe-me hoje a noticia da morte do cantor caboverdeano Bana, um interprete excepcional das mornas de Cabo Verde. Um homem grande em tamanho (tinha quase 2 metros de altura) e em talento. Durante um pequeno período da minha vida fui presença quase diária no Monte Cara, o restaurante-bar lisboeta, na Rua do Sol ao Rato, de que o Bana era gerente e que durante décadas foi uma espécie de embaixada cultural caboverdeana em Lisboa. Eu morava perto, já trabalhava na RDP e o Monte Cara (e a Lontra) eram pontos de ancoragem para muitos náufragos da noite lisboeta (outros ainda principiantes, como eu). O Murcho, o Eduardo Guerra Carneiro, o Júlio Pinto, muitos outros frequentávamos com assiduidade as "casas da noite", com muita música africana. O Monte Cara (música caboverdeana), a Lontra (música africana em geral), um bar na Rua da Voz do Operário (de que não me lembro o nome), onde cantava o Vum Vum, com música angolana, brasileira e latino-americana, eram os locais onde a noite acabava, depois de algumas passagens pelo Estádio, no Bairro Alto, o After Eight, o Ainda a Noite é uma Criança, na Praça das Flores, ou outro bar qualquer do género.
A verdade é que fiquei devoto da música africana, sobretudo caboverdeana. O Bana foi para o Mindelo mas, já no Alentejo, continuei a ir ao Monte Cara com o Mário Murcho até finais da década de 90, agora gerido por um dos filhos do Bana e com a presença habitual nas canções do Tito Paris. Lisboa nessa altura era bem simpática. Não sei como estará agora.